CONEXÃO IFPR

Matriz Energetica no Brasil

Por: Luiz Sérgio Soares da Silva

Na sociedade contemporânea mundial, onde a necessidade de constante consumo de bens e serviços está estritamente ligada aos avanços científicos e tecnológicos, ao mesmo tempo que se desenvolve cada vez mais o entendimento do crescimento global sustentável, fica cada vez mais evidenciada a necessidade de buscar uma matriz energética limpa e renovável, capaz de suprir e acompanhar esses avanços na sociedade.
A atual matriz energética que vem sendo utilizada, em grande parte, é composta de fontes não renováveis, tais como combustíveis fósseis, a exemplo do petróleo, gás natural e carvão. No Brasil, tal matriz constitui-se predominantemente da produção hidrelétrica. Segundo os dados de 2019 da Agência Nacional Elétrica (ANEEL), nosso país conta hoje com 1342 usinas hidroelétricas, sendo espalhadas por todo o território nacional e correspondendo a 63, 75% da produção de energia elétrica em nosso país. Apesar da água de ser considerada uma fonte de energia renovável, pois em teoria trata-se do uso de uma fonte capaz de se refazer em curto prazo, deve-se levar em consideração o bom uso desse recurso. A escassez mundial cada vez maior de fontes limpas de água potável, bem como a questão ambiental que é indissociável nesse debate sobre a necessidade de se mudar a matriz energética atual, entram como condição sine qua non, para reverter esta situação.
Uma possiblidade de se modificar o atual modelo de produção energética do Brasil vem da utilização das usinas termonucleares, como Angra 1 e 2, instaladas em Angra dos Reis no estado do Rio de Janeiro. Nesse tipo de usina, a energia é obtida pelo processo de fissão nuclear do urânio dentro de um reator. Uma minúscula pastilha de 1 cm de comprimento e diâmetro de urânio enriquecido produz a mesma energia que 22 caminhões tanques de óleo diesel (BBC News). No momento o Brasil conta com o funcionamento das usinas de Angra 1 e Angra2, que são responsáveis juntas pela produção de apenas 3% da energia consumida no país. Com tamanha capacidade de produção energética dessas usinas termonucleares, o país seria capaz de modificar sua matriz energética atual, contudo não o faz.
Algumas indagações são inevitáveis: por que produzimos tão pouca energia através dessas usinas? Quais são os interesses por trás de tão pouca utilização? Além de que, a construção da terceira usina iniciada há 35 anos, Angra 3, que tem apenas 62% das obras executadas, e que atualmente estão suspensas, foi alvo, recentemente, de operação da polícia federal, na qual diversos suspeitos foram presos por desviar milhões do dinheiro público. Todas essas situações nos levam a pensar que o interesse em modificar a atual matriz energética passa distante do bem coletivo. Além disso, a busca por uma fonte de produção de energia mais barata e menos agressiva ao meio ambiente fica, como se vê, em segundo ou terceiro plano, devido ao interesse de uma minoria governante.

8 de agosto de 2020 – Conexão IFPR

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