BREVES HISTÓRIAS

Música e lágrimas

Recebi, primeiro com perplexidade e depois com enorme tristeza a notícia da morte de meu caríssimo amigo, Marco Benghi, ocorrida em 5 de março. De infarto, em Itajaí, onde ele residia.
Marco foi meu amigo de adolescência, época em que eu, Nivaldo Camargo, Rubiomar Savi e Paulinho Rochembah criamos o Alucinasom, enquanto Marco e Oldemar Rochembach, precocemente, falecido em abril de 1983, tinham o Fireball, equipe de som que também tocava em festas.
Muitas vezes emprestamos de Marco e Oldemar, jogos de luzes que não tínhamos e em retribuição, emprestávamos discos para eles.
Em agosto de 2011, organizei uma festa no Clube Aliança em homenagem aos 40 anos da Patota da Barão. Consegui reunir mais de 60 pessoas e na noite que antecedia o encontro, Marco, Nivaldo e Edson Mendes estiveram em minha casa. Ouvimos música até as 5 da manhã e derrotamos 3 litros de uísque, com Edson ficando apenas na cerveja.
Ouvimos muita coisa que eu pretendia tocar na noite seguinte, e, como era muita música que envolvia nossos dias de juventude, eu não tocava nenhuma até o final, exceto algumas que ao contrário, não apenas ouvimos inteira, como tocamos várias vezes, caso específico da música Dream Gerard, faixa componente do mitológico, When the eagle flies, da igualmente lendária banda, Traffic.
Na noite seguinte eu tocaria várias vezes essa música, inclusive encerrando a noite, em um pedido de Marco, que era roqueiro de carteirinha, mas também gostava de MPB e de coisas mais tranquilas, como Todd Rundgren, de quem também gosto.
Em novembro de 2012, organizei mais uma reunião da Patota da Barão, desta vez na casa do amigo Fritz Mussak, que é meio que uma discoteca. Dessa vez não veio todo mundo, mas Marco e Nivaldo estavam lá, e, de novo ouvimos Traffic, O Terço e Casa das Máquinas, todos a pedido de Marco.
Termino essas mal traçadas linhas, ouvindo Traffic, desejando que Marco, Nivaldo e Ademarzinho Murara estejam onde estiverem, continuem ouvindo essa banda, que tanto marcou nossa juventude.

Estilhaços de memória

No domingo, 13 de março de 2022, fez 6 anos de falecimento de minha querida tia Lulu, um pouco minha mãe e minha grande amiga, minha conselheira e que também sabia ouvir meus conselhos.
Todos os conselhos que ela me deu e que não segui, me dei mal, devia tê-los ouvido. Ainda bem que em tempo, pude dizer para ela que errei ao não a ouvir. No referido domingo fui ao cemitério municipal render mais uma homenagem a essa mulher formidável e ao voltar, ouvindo música em determinado momento me deparei com Baby, I´m yours, música que dá título ao disco homônimo da magnífica Barbara Lewis. Esse disco é de 1965. Ao chegar em casa fui ouvir outro disco dessa cantora, o antológico, Hello stranger, de 1963, onde estão pérolas como a faixa título e, a igualmente memorável, On bended knees.
Essa canção me remeteu, diretamente, ao ano de 1974, para a casa de meu amigo Rubio, quando sua mãe, Dorilda Savi nos ensinava a dançar. Eu então com 16 anos, e, Rubio com 15, tínhamos uma festa para ir e não sabíamos dançar e foi ali que fomos introduzidos nessa arte por dona Dorilda, exímia dançarina. A tal festa aconteceu e de nada adiantaram as lições recebidas, a timidez não nos permitiu ousar convidar uma garota.
De qualquer forma, a música On bended knees é perfeita para um garoto tirar a garota para uma dança. Basta saber dançar e ter coragem para tal.
Pena que hoje ninguém mais dança junto, se é que ainda dançam.
Também perfeitas para dançar bem juntinho são: A house is not a home, seja com Dionne Warwick, Ella Fitzgerald, Brook Benton ou Luther Vandross ou ainda, I remeber you, com Tony Bennet ou Nat King Cole.
Pena que dona Dorilda já não esteja mais entre nós, para que eu pudesse mostrar a ela, que, finalmente, aprendi a dançar e tampouco que não haja mais onde dançar.

Mais um estilhaço

sempre ligado à música
Em janeiro estivemos, a convite de nossos diletos e caríssimos amigos, Cinthya e Carlos Senkiv, na aprazível Bacia Da Vovó, na Penha.
Ficamos em uma casa de frente para o mar e todo final de tarde com as luzes, lentamente, sendo esmaecidas pelo cair da noite, sentávamo-nos na varanda, contemplando o mar e ouvindo a Rádio Eldorado de São Paulo. Mais uma vez fui remetido para longínquos verões, nos quais eu ouvia ainda na Eldorado AM, o programa Um piano ao cair da tarde.
Velhas lembranças que só a música e o mar ajudam a recuperar.

18 de março de 2022 – Delbrai Augusto Sá

Clique para comentar
Sair da versão mobile