CONEXÃO IFPR

Programação de Computadores – A datilografia do futuro?

Por: Douglas Lusa Krug

Há alguns anos, o conhecimento de datilografia era algo essencial para quem pretendia se candidatar a uma vaga de emprego (principalmente as que fossem em escritórios). Alguns anos se passaram e o conhecimento em datilografia foi substituído pelo conhecimento em informática básica.
Passados mais alguns anos, hoje, em tempos em que a Indústria 4.0 (ou manufatura avançada) está nas capas dos jornais, o conhecimento “apenas” em informática básica já não é tido como suficiente.
A atual exigência do mercado, em se tratando de conhecimento tecnológico, está relacionada com a programação para computadores. Não necessariamente com o desenvolvimento completo de um software, em suas mais diversas fases, mas sim com o conhecimento sobre o funcionamento da máquina: como ela é instruída a agir, ou seja, como ela é programada.
Este conhecimento básico não precisa, necessariamente, ser obtido em um curso superior. Inclusive, a tendência é que ele seja inserido o quanto antes, já para estudantes do ensino fundamental (1º ao 9º ano).
Cursos superiores e de nível técnico na área de Tecnologia da Informação (TI) não são novidades e formam profissionais que foram expostos ao conhecimento de como construir programas para computador, do início ao fim. Porém, estes cursos têm como público-alvo aqueles que desejam atuar especificamente nesta área. Ano após ano, as pesquisas de vagas de emprego mostram indicadores de que sobram vagas para os mais diversos cargos em TI e, mesmo com a oferta de cursos em nível técnico e superior, faltam profissionais qualificados.
Já não é novidade que grande parte das empresas são informatizadas, algumas em maior escala e outras ainda em menor escala. Desta forma, o mínimo necessário para alguém trabalhar nestas empresas é o conhecimento básico em informática. Porém, atualmente, novas ferramentas tecnológicas vêm sendo implantadas nas mais diversas áreas, desde o planejamento de produção de um parafuso até o auxílio em gerar um diagnóstico médico. Termos como Inteligência Artificial, Big Data e Machine Learning, estão cada vez mais presentes no cotidiano e, para os profissionais que trabalharão com recursos que utilizam estas tecnologias, apenas saber o que elas são não é o suficiente: em algumas situações será necessário conhecer como elas funcionam e, para isso, o conhecimento em programação de computadores é essencial.
É claro que os profissionais que não são de TI e apenas serão os utilizadores destas ferramentas não precisarão fazer o desenvolvimento destas, porém, vez ou outra, precisarão realizar certas parametrizações. Ou, no mínimo, precisarão entender o motivo de uma ação ter sido realizada ou algo ter sido proposto em detrimento das outras opções. Estes motivos estarão, com certeza, embasados em dados e lógicas que, para serem entendidos, será necessário o conhecimento em programação para computadores.
Mas, podemos nos perguntar como desenvolver este conhecimento já com estudantes do ensino fundamental? Ora, isso já é prática em alguns países e, ouso dizer, que em algumas escolas de nosso país (e da nossa região) também.
Este conhecimento é trabalhado com os estudantes de forma natural, podendo estar relacionado ao desenvolvimento de jogos, criação de estórias, uso de robótica educacional e até na composição de músicas, utilizando ferramentas específicas (Scratch, Tkinter, TunePad, Sonic Pi, entre outras). Atividades como estas, em certo grau de complexidade, abordarão os conhecimentos de programação para computadores de forma natural, passando até despercebido pelos estudantes.
Na medida em que os estudantes adquiram o conhecimento, a complexidade do que é criado por eles e a complexidade das ferramentas utilizadas pode aumentar, mas o impacto será menor do que se fossem submetidos diretamente para estas ferramentas de maneira direta e descontextualizada.
Obviamente, o conhecimento que é ensinado em cursos técnicos e superiores é mais completo e complexo, mas com certeza, um estudante que foi submetido ao ensino de programação desde cedo terá muito mais facilidade de absorver o conhecimento em nível profissional do que um estudante que não teve esta oportunidade.
Finalmente, profissionais das mais diversas áreas que tiveram a oportunidade de aprender programação para computadores terão mais facilidade para lidar com as ferramentas do futuro.

15 de novembro de 2019 – Conexão IFPR

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