CONEXÃO IFPR

Sociedade da desinformação

Por: Helder J. F. da Luz

Com o avanço das tecnologias da informação e comunicação, muitos estudiosos vêm classificando a época em que vivemos como Era da Informação. Contudo, com a popularização da internet, estamos vivenciando uma era da desinformação. Com o advento das redes sociais, frameworks e serviços que facilitam o desenvolvimento de sites, a internet se tornou bastante democrática, permitindo que qualquer um publique e discuta sobre diversos temas.
Hoje qualquer um pode ser um vetor de informações. As ferramentas de publicação de conteúdo estão disponíveis a quase todos, assim como as redes sociais, como o Facebook, WhatsApp e Instagram, possibilitando a todos apresentarem sua visão de mundo. Isso permite que qualquer pessoa possa ter voz, produzindo e disseminando conteúdo de qualidade, mas também conteúdo falso ou de qualidade duvidosa.
Nesse cenário, é importante conferir a veracidade das informações. Estamos acostumados a compartilhar notícias, artigos, e mensagens utilizando WhatsApp e outros aplicativos sem conferir se o que estamos compartilhando é de fato verdadeiro, ou possui alguma fonte confiável para embasar o conteúdo. Em muitos casos, as pessoas leem apenas o título, que frequentemente é sensacionalista e não conta a história toda.
Mesmo que uma publicação desafie suas convicções, é preciso verificar. Seja de cunho político, religioso, científico ou popular, nós temos a tendência de compartilhar conteúdo que concorde com nossas opiniões, independentemente de onde vem a informação, se é de um site obscuro, um autor anônimo ou situações similares. É preciso, antes de compartilhar, verificar esse tipo de conteúdo também, para evitar disseminar a desinformação.
Quando a informação vem de alguém que nós depositamos nossa confiança também precisamos tomar cuidado. Todo mundo está sujeito a compartilhar algo duvidoso, principalmente devido à vida corrida que as pessoas levam. Entre os profissionais da computação, não é incomum alguém compartilhar um link de golpe ou vírus pela rede, apesar do profissional ter conhecimento para evitar esse tipo de situação, ele também está sujeito a isso. O mesmo acontece com a disseminação da informação. É preciso ter cuidado mesmo quando a mensagem faz um apelo a uma autoridade ou à popularidade.
A cautela é importante porque as informações distorcidas podem ter consequências reais. A disseminação de uma informação falsa, por exemplo, pode causar danos materiais a empresas, entidades, governos e pessoas físicas. Já houve casos do julgamento popular, com base em informações falsas, no qual houve o linchamento público e a morte de pessoas.
Verificar a autenticidade e veracidade não é fácil. Há diversos sites e organizações que se propõem e ajudam a verificar como o E-farsas, Boatos.org, Agência Lupa, dentre outros. No entanto, as notícias se espalham muito rápido, principalmente quando são falsas e difamadoras. Devido a isso, empresas como Facebook e Google buscam desenvolver ferramentas que permitam verificar e sinalizar quando a informação não é verdadeira, mas ainda é um grande desafio, mesmo com a utilização de técnicas de Inteligência Artificial, aprendizado de máquina e mineração de dados. Consequentemente, grande parte do processo ainda é manual e depende de denúncias de outros usuários, tornando ainda importante que cada pessoa, individualmente, confira a veracidade.
Você, antes de espalhar informações, tem o dever de averiguar sua veracidade. É o seu nome, sua reputação, a saúde física e financeira de pessoas e instituições, que estão em jogo. Hoje, compartilhar algo não é mais um processo sem efeitos colaterais.

10 de julho de 2020 – Conexão IFPR

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