CONEXÃO IFPR

Vem chuva? O uso das imagens de radar na previsão do tempo

Por: Patricia Baliski

Vem chuva? Será que vai chover? Essas são perguntas bastante comuns e que todos já escutaram ou fizeram inúmeras vezes ao longo da vida. Saber, antecipadamente, se vai chover permite que cada um tome as decisões mais adequadas sobre as questões que lhe interessam que podem ir desde a escolha de roupas e calçados para sair de casa, até a tomada de precauções necessárias diante de possíveis eventos extremos (tempestades).
Dada a curiosidade das pessoas a respeito da previsão do tempo, é bastante comum a presença desse tema em jornais televisivos, inclusive ampliando-se seu tempo de exibição em alguns casos. Observadores mais atentos já devem ter percebido que, em tais programas, a pauta da previsão do tempo não mais fica restrita, somente, à indicação da precipitação e das temperaturas. É crescente a complementação das informações com mapas, gráficos e imagens de satélite e de radar, geralmente, produzidas por instituições que monitoram o tempo.
Dentre todas essas fontes de informação, as imagens de radar têm sido uma importante ferramenta, não apenas para a previsão de chuvas, mas também para alertar sobre a ocorrência das precipitações de maior volume e velocidade e que podem trazer algum tipo de risco à população. Isso ficou evidente nos últimos meses, quando imagens de radar exibidas em inúmeros telejornais demonstraram a magnitude de eventos extremos que atingiram com gravidade algumas cidades da Região Sul do Brasil.
Ainda que os resultados da sua utilização estejam sendo divulgados com mais frequência nos últimos anos, o equipamento já existe há algumas décadas. O nome radar origina-se da expressão inglesa Radio Detection and Ranging, que significa detecção e telemetria por ondas de rádio. Seu desenvolvimento ocorreu, sobretudo com a Segunda Guerra Mundial, quando foi utilizado para determinar a posição e o deslocamento de aeronaves e submarinos inimigos. Com o fim do conflito, a tecnologia passou a ser empregada para outros usos, do científico ao civil, tais como mapeamento dos relevos submarino e terrestre, controle de tráfego aéreo, levantamento de recursos naturais, previsão do tempo, dentre outros.
Mesmo que cada uso diferente possua suas especificidades, o modo como a informação é captada pelos equipamentos é similar. Os radares têm como característica transmitir pulsos de energia eletromagnética, na faixa da frequência das micro-ondas, em intervalos regulares de tempo. Dessa forma, os objetos que receberam os pulsos de energia emitidos pelo radar irão absorver uma parte e refletir outra. O que é refletido retorna ao sensor como um eco. A leitura desse eco é medida em tempo, assim, objetos mais próximos responderão em um intervalo de tempo menor, enquanto que, os mais distantes, demorarão mais.
No caso dos radares meteorológicos, o objeto de contato são as moléculas de água presentes nas nuvens, podendo ser em forma de chuva, granizo ou neve. Essas moléculas refletem o sinal emitido pelo radar, o qual é captado pela antena do sensor. Além da localização da precipitação, as imagens de radar também permitem determinar a intensidade, por meio da quantificação do volume. Nesse caso, a intensidade é representada por cores convencionadas. Do amarelo para o verde estão as chuvas moderadas a fracas, enquanto que do vermelho para o rosa, as precipitações fortes. Como os dados de radar podem ser obtidos com bastante frequência (alguns com intervalo de dez minutos apenas), é possível fazer o acompanhamento da precipitação, determinando seu deslocamento e a manutenção ou não da sua intensidade. Quando nos telejornais são divulgadas imagens com o avanço das chuvas sobre uma determinada região, a animação é resultado de uma série de leituras realizadas por um radar em um determinado período de tempo.
Por fim, é importante ressaltar que o uso das imagens de radar não se restringe à previsão do tempo divulgada em telejornais, embora esse seja o modo mais popular de divulgação. Além de dotar de dados algumas pesquisas científicas, bastante importantes para compreender a dinâmica meteorológica de uma determinada região, os dados têm sido utilizados também para salvar vidas. Nos estados de maior recorrência de eventos extremos, como Santa Catarina, por exemplo, os dados de radar têm auxiliado à Defesa Civil a fazer alertas à população sobre a ocorrência de situações mais graves, evitando possíveis tragédias.

4 de setembro de 2020 – Conexão IFPR

Clique para comentar
Sair da versão mobile