RENÊ AUGUSTO

O conceito segundo a condição social

Ano XXIII – 09/outubro/1976 – Número 443

Dois rapazes da sociedade local fizeram uma aposta e quem a perdesse teria que percorrer um trecho da rua Getúlio Vargas, até a praça Coronel Amazonas, em União da Vitória, inteiramente nu. A missão foi rigorosamente cumprida, num destes últimos domingos, às 22 horas. Muitas mocinhas da sociedade comentaram e acharam graça. Um chefe de família disse: “são coisas da juventude”. Volto no tempo e comento que há meses passados, a polícia foi solicitada para proteger mocinhas estudantes que recebiam gracejos de frequentadores de bares chamados da pesada e frequentados por rapazes humildes. Só por se dizer gracejo a polícia foi mobilizada. E se o rapaz de origem humilde ficasse pelado? No mínimo seria pedido o seu escalpo. Vejam, pois como a condição social de uma pessoa muda a opinião de muita gente. O cafajeste socialmente bem é um gozador da vida, para aqueles que veem no dinheiro o único embalo e a chave que abre todas as portas, inclusive a da dignidade indigna.

11 de maio de 2018 – Renê Augusto

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