CRÔNICA

Escondidos entre as teclas

Sempre procuro ler o que os outros escrevem. Como já registrei antes, cheguei ao cúmulo de ler até o que o Donald Trump escreve no Twitter. Mas assim como comecei, parei. Tá bem, até leio uma vez ou outra. Mas só quando ainda há espaço no depósito de excrementos da minha cachola. Sabe como é, coisas muito parecidas não podem se misturar. Vai que a reação em cadeia é irreversível?
Leio porque tenho curiosidade. Acredito que esse é o ponto-chave para devorar as linhas. Antes era mais seletivo. Hoje não. Vou lendo, e se começar a nausear, desisto. Tem vezes que fico pê da cara. Em outras, começar a rir como qualquer idiota. Já quando tenho vontade de sair correndo, saio. Apagar incêndios com gasolina pode ser muito perigoso.
Não vejo os colegas como eles devem ser quando estão escrevendo. Prefiro imagina-los tomando suas tequilas ou assistindo novelas. Depende do que escrevem. Não consigo controlar isso. Já imaginei eu mesmo tomando cachaça e me descabelando – no meu caso é mais ridículo ainda – defronte a TV assistindo mais um capítulo de um destes folhetins imbecis.
Há mais de quinze anos tinha certeza que um periodista dançava balé quando estava sozinho em casa. Vestido com aquela coisa que lembra uma saia e sapatilhas. É que seus textos eram tão certinhos que ele deveria fazer algo muito estrambólico para compensar sua graciosidade em seus scripts quilométricos.
Quase nunca me perguntam se não temo pelo que escrevo. O que fariam? Mandar o MST vir me sequestrar e usar-me como adubo em suas hortas que não existem? Me deportar para as mansardas cubanas? Amaldiçoado pela Liga das Senhoras Católicas? Lançado na primeira privada que aparecer e puxarem a descarga? Vamos ser mais clássicos: ser vaporizado como faziam com os inimigos do Estado em 1984 de Orwell?
Seja qual fosse o desfecho, chegaria a hora do arrependimento. Ou não. O que importa é que vou continuar a seguir isso. Não farei como alguns formadores de opinião que, talvez sem perceberem, se escondem atrás de suas linhas. Poderiam usar seus espaços na mídia para fazer algo com gás e vontade. Infelizmente, preferem a zona de conforto de seus teclados a encararem as merdas que ajudamos a construir e que agora precisam ser combatidas.
Compreendo perfeitamente que de nada adianta explanar algo para quem não tem interesse em trocar ideias. Mas jamais podemos cair na conveniente covardia velada. Escrever a toque de caixa não é e nunca foi para ninguém. Nem mesmo para o Paulo Francis.
Agora vou voltar para a WEB. Quem sabe aparece um artigo interessante sobre o ritual de acasalamento de peixes ornamentais siberianos. Ou se existe um novo texto complementar no manjado compendio A história da cachaça e como ela influencia a política brasileira. Deseje-me sorte.


Desconfio que começamos a sentir que batemos no fundo do poço quando a semana começa e você se pergunta qual será a picaretagem política que vai comandar o resto da edoma. Ou então, qual a jogada que vai acontecer até o final dela.


Lá vou eu contradizer-me de novo. A última do Trump foi culpar a turma que escorou os nazis americanos pela violência do final de semana anterior. Você não viu nada de familiar com o grupo que afundou o Brasil? Os caras criam a situação e a culpa é dos outros. Seguindo essa linha, Trump vai se isolando cada vez mais, está perdendo o apoio do seu próprio partido.


A socialite paulista Roberta Luchsinger, herdeira de um ex-acionista do banco Credit Suisse, quer doar R$ 500 mil para nada mais nada menos que Lula. Ela ficou compadecida pela “penúria” do ex-presidente e quer repassar para o pobre homem grana viva, joias e outros penduricalhos de valor. Depois de ser reduzida a pó em uma rede social, ela decidiu dobrar a doação. Só que um juiz determinou a ela que antes pague uma pequena bagatela que a nobre dama da sociedade deve em uma fina loja de decorações na capital paulista.


É isso mesmo que você pensou. Essa esquerda caviar é capaz de tudo. Até mesmo em ajudar a se fazer de vítima quem destruiu o Brasil. Ou será que é lavagem de dinheiro?


Interessante o que o efeito Bolsonaro vem causando no populacho. Com menos de 17% das intenções de voto nas pesquisas, o cara vem sendo detonado na WEB pelos militontos e coxinhas. Pense no fuzuê se o cara chegar na casa dos 28, 30%.


Os maus políticos estão sempre tão ocupados para roubar, mentir, distorcer – e agora dizer que não tem culpa de nada – que ainda não perceberam que, se existem os Bolsonaros, é por causa deles mesmos. Depois pagam seus exércitos para destruir a imagem de qualquer um. Será que sai mais barato ou é cagaço?

19 de agosto de 2017 – Alexandre Moreira

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