LÍNGUA VIVA

Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa: O que mudou?

Assinado em 1990 pelos países membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa tem como objetivo a padronização da língua portuguesa na escrita.Os países que compõem a CPLP são: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, e Timor-Leste. Sendo a terceira língua ocidental mais falada, após o inglês e o espanhol, grafias diferentes do português acabam por atrapalhar sua divulgação e seu uso em eventos internacionais. Além disso, a unificação deverá facilitar a definição de critérios para exames e certificados para estrangeiros. A intenção do Acordo, portanto, é a unificação, e não a facilitação. Como a adaptação às mudanças é lenta, mantiveram-se no Acordo ainda algumas diferenças, como a do uso do acento circunflexo no Brasil e o acento agudo em Portugal: econômico / económico.
Mas por que chamamos de novo um acordo que foi firmado há 28 anos? Porque é o acordo mais recente, e porque cada país envolvido definiu prazos para sua entrada em vigor. No Brasil, o acordo foi ratificado em setembro de 2008, passando as novas regras a serem usadas ainda em caráter não obrigatório. A partir de 01 de janeiro de 2016, entretanto, as novas regras passaram a ser oficialmente obrigatórias no Brasil. Portanto, fique esperto: Atualmente, em concursos públicos e vestibulares, nas escolas e nas universidades as novas regras devem ser aplicadas.
Vejamos o que foi alterado no Brasil. Algumas das mudanças ficam bem visíveis na seguinte frase: A frequência com que os alunos leem um livro dá uma ideia do contrassenso na Educação.
1) Frequência já não leva trema, pois esse sinal gráfico desaparece completamente;
2) Leem não leva mais acento circunflexo;
3) Ideia deixa de ser acentuada graficamente, como jiboia e feiura;
4) Contrassenso perde o hífen, que continua sendo usado apenas quando o prefixo (neste caso, contra-) termina com a mesma letra com que começa a segunda palavra, ou quando a segunda palavra começa com h.
Nosso alfabeto deixa de ter apenas 23 letras para ter 26, incorporando, outra vez, o K, o W e o Y.Talvez alguns dos leitores se lembrem de que, até 1943, essas consoantes já compunham o nosso alfabeto, mas foram então banidas. Isso não quer dizer, porém, que podemos sair por aí escrevendo kilo; as três letras continuam a ser usadas como já estávamos acostumados, em algumas palavras estrangeiras que mantêm a grafia original (show, marketing), topônimos e antropônimos (byroniano), e em siglas e símbolos (km para quilômetro).
Não usamos mais o acento para diferenciar para (verbo parar) de para (preposição), ou pelo (substantivo) de pelo (preposição). Como no exemplo acima, o verbo leem, também não levam mais acento circunflexo outras palavras em que as vogais E e O são dobradas: voo, enjoo, creem, veem. Mas cuidado: Os verbos ter e vir continuam com a conjugação e a grafia normais, eles têm, elas vêm.
Boa parte das alterações, no caso do Brasil, ocorre no uso do hífen. Continuamos a escrever super-realista, mas passamos a escrever contrarregra e minissaia. Erva-mate mantém o hífen por ser nome de planta, bem como copo-de-leite, mas mão de obra e pé de moleque já o perderam. Agora grafamos paraquedas, extraoficial, infraestrutura e subumano.
Parece muito para se acostumar? Em Portugal será pior, pois enquanto no Brasil apenas 0,45% das palavras terão sua grafia alterada, do outro lado do Atlântico, na Europa, calcula-se que 1,6% do vocabulário será modificado. Aproveite para baixar, gratuitamente, o aplicativo volp(Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa) para checar suas dúvidas no seu tablet ou smartphone.

23 de junho de 2018 – Karim Siebeneicher Brito

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