CRÔNICA

Perguntas e respostas

Os juízes condenam, os bandidos libertam. Fui puxado pelo rabo logo cedo por um colega de profissão das antigas. Veio com um questionário de perguntinhas (aquelas que geralmente nos faz correr) para um trabalho de variedades de uma futura edição. A cavaqueira embandeirou para os seguintes pontos: a função social do escritor, como escrever um texto capaz de atingir os 3 % (proporção de leitores diários no Brasil) e, baseado no filósofo Roland Barthes – que acreditava que cada escritor tem o seu mote, – qual seria então a minha tendência
Disse a ele que: a função social de um escritor (no meu caso chega a ser cômico) é tentar levar algum esclarecimento e informação ao leitor. E também uma ideia. Ideias são companheiras inseparáveis do bicho homo sapiens sapiens. Mas ao que diz “criar tendências”, depende muito do momento que vivemos. E na pocilga brasilis, é difícil não citar as catrefas de Brasília. Escrevo para estes apenas 3% de leitores, o que me causa indignação, pois o que gostaria de ver realizar-se não irá nunca ocorrer, que seria o interesse, o hábito, o gosto pela leitura coexistindo na rotina de mais pessoas. Por outra lado, contamos com estes guerreiros 3%.
Poderia ser bem pior, bananicimamente falando. Procuro dividir informações sobre a realidade do cotidiano humano, trazendo um enfoque histórico muitas vezes, passando por uma análise humorada – ou “debochada” para os críticos (azar deles, rir é muito bom). Geralmente meus críticos gostam de me esculachar e tal, mas é o direito deles. Porém, longe de ser masoquista, isto se transforma em um combustível a mais no dia a dia. No mais, basta observar o que ocorre diariamente e dificilmente não tentarei refletir sobre o fato em si. E nem eu mesmo sou poupado. Bem vindos ao inferno.
Já sobre escrever um texto, eu tento. Não é fácil lidar com as letras. Elas às vezes podem nos pregar peças. Qualquer observador menos atento me apontaria uns 5 ou 6 erros básicos que me fariam desistir da profissão – que o digam os editores-chefes dos jornais que escrevo. Basicamente, é ter uma ideia. E é necessário dar forma a ela. Veja bem: seria como uma bela mulher. Ela, por si só, se basta. Com pouca roupa, fica exposta. Com roupa demais, encobre seus dotes. Então é preciso vesti-la adequadamente, nem de mais, nem de menos. Às vezes surgem algumas boas ideias, mas formatá-las podem custar muito trabalho. E nem sempre sintetizam a ideia em questão. Teimosias à parte, o desafio diário torna-se mais uma motivação. Pavlovianamente.
E sobre o mote de cada um (tinha que ser coisa do genialmente pirado Barthes) é mais complicado. Acredito que ainda não cheguei a ter uma ideia totalmente formada sobre isto. Pendo para o lado da necessidade de mostrar o outro lado da situação. Mas pode ser política, literário ou até sarrista. O método empírico de raciocínio faz verdadeiras miscelâneas na mente. Escrevo para jornais diários e semanais. Os assuntos variam muito. De esportes a literatura. De bananice a antropogênese. Mas ainda penso que esclarecimento é fundamental ao ser humano. Talvez seja uma possível linha.
Tenho também fascínio pela saga humana. Pela história em si. Mas não só aquela que está nos livros de história. Falo da história que está gravada nos âmagos dos homens e mulheres, cauterizada pelos turbilhões da centelha de vida. Talvez esta sim, seja nossa verdadeira história. Ou seja, tem muita sopa de letrinhas por vir. Uma coisa é você tentar escrever e outra é escrever uma cretinice atrás da outra. Como faço ambas, tenho meu lugar garantido no cantinho dos perturbados.
Teve ainda mais uma pergunta: se eu tinha conhecimento do percentual de leitores críticos x favoráveis aos meus textos. Se levar em consideração apenas pelos e-mails que ainda insistem em me enviar, os críticos são a maioria avassaladora. É que quase ninguém gosta do que escrevo. Os mais espertos fingem que leram e correm para o banheiro.


O início da tarde da última quarta foi sacudido pela notícia da condenação de Lula no caso do tríplex pela Lava Jato. Há muito já vinha sendo cochichado pelos corredores de Brasília e São Paulo que desta ele não escaparia. Baseado em fatos, evidencias e provas, Sérgio Moro o condenou a nove anos de cadeia – que serão recorridos em liberdade.


Moro foi categórico: Lula poderia ter sua prisão preventiva decretada, mas a prudência foi a melhor solução. Acredito que Moro está certo, pois a possibilidade da latrina Supremo Tribunal Federal solta-lo em seguida era enorme. Agora é aguardar o estouro da boiada.


Apostinha correndo pela surdina na cervejaria: quantas semanas Michel Temer resiste no cargo? Até agora duas semanas é a mais votada. Em seguida três. Correndo por fora, o chute na bunda que ele vai levar de Marcela Temer começa a ameaçar as primeiras posições.


A cena das “nobres” senadoras vermelhas obstruindo uma votação na marra é a pior cena que o Brasil já viveu no Senado. Nunca vi nada tão deplorável. Vamos lembrar que elas trabalhavam juntas com a CUT (final da contribuição sindical obrigatória). Mostraram na cara dura para o que vieram. Na boa, parecia um jantar em um castelo inglês. Não esqueça que a Rasputim de saias do PT, Gleisi Hoffman estava lá. A dúvida geral era quem tinha lhe enviado a quentinha.


Neste sábado teremos o Bier Session II – mais um encontro dos amantes da cerveja e do chopp no Shaeffer Bier. Muitas opções de fermentadas para os mais diversos gostos e quatro variedades de chopp, além da presença da cozinha móvel do Dib’s e seus beliscos para moiado algum botar defeito. A bebelança tem início ao meio-dia (se você quiser ir antes tá valendo também).

14 de julho de 2017 – Alexandre Moreira

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