NACO DE PROSA

Um brinde à vida

Tardes de sol são perfeitas para viajar de carro. Nem sempre acontece assim, pois as viagens não esperam o tempo ficar colorido ou preto e branco para acontecerem, mas para a minha sorte, naquele dia de agosto foi exatamente assim. Nenhuma nuvem em um céu todo azul, as plantações verdes, davam o contraste, uma temperatura agradável, que permitiu esquecer dos dias frios que têm feito em nossas cidades.

Estradas retas e sinuosas, no som do carro, um mix internacional e nacional, que, por vezes, me obrigava a balbuciar algumas frases em um ritmo não tão certo.

Tudo agradável, casas entre pastos e animais, pequenas igrejas, pessoas a pé ou de bicicleta. Muitas voltando do trabalho, outras indo ao mercado.

Em um dos trechos, observei de relance uma senhora sentada em uma pedra, quase à beira do asfalto. A poucos metros dali, entendi o motivo, um ônibus escolar vinha em sua direção.

Sorri por alguns segundos, confesso que tal cena confortou meu coração. A família conforta meu coração, e enche meus olhos de alegria.

Segundo Léon Tolstoi: “A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família.”

Pensei em como seria a rotina de uma família ali, naquele trecho de estrada, longe de mercados, de shoppings, de agitos e barulhos.

Provavelmente aquela mãe fez seu trabalho em casa, lavou roupas, preparou o almoço, limpou a casa, cuidou da horta, seu esposo foi para a lavoura, garantir o sustento de todos. E os filhos, na escola.

Não sei se no plural ou singular, mas aquela senhora esperava seu pequeno voltar dos bancos escolares e contar, cheio de sonhos e planos, o que havia aprendido, talvez para uma mãe que não teve a mesma sorte.

Uma cena tão corriqueira por ali, mas tão significativa, que acredito que eles não se davam conta da importância de esperar a volta, o retorno para casa.

Um pouco mais adiante, vi uma criança, que deveria ter uns cinco anos, com uma pequena mochila nas costas, correndo abraçar seu pai, e o seu cachorrinho logo atrás, pulando e abanando o rabinho, também queria fazer parte daquele abraço. O pai, provavelmente, se apressou nos seus afazeres para estar ali, na hora exata em que sua filha desceu do ônibus, para, de mãos dadas, irem juntos para casa.

Uma família, a base que nos dá sustento mesmo depois de grandes, mesmo depois de formados.

Por um momento sorri pensando, aquela mãe lá de trás, talvez nem conheça o senhor aqui da frente, seu vizinho, mas acredito que seus filhos se conheçam, e talvez até estudem juntos, talvez até falem de suas famílias, quem sabe?

Vocês devem estar lendo isso e pensando, tanto para se falar, e eu aqui, escrevendo sobre rotinas e simplicidades, mas é justamente isso que quis trazer, estamos atolados por tantas maldades, tolices, malefícios que a simplicidade, momentos em família, alegria em um abraço, acalmam nossos corações e mentes, e nos permitem emanar coisas boas.

O sol continua alto sobre nossas cabeças, pássaros redesenham o céu, enquanto animais atravessam a pista se arriscando entre carros e caminhões.

A vida é o bem mais valioso que temos enquanto estivermos neste mundo, e aproveitar tudo de bom que ela oferece é essencial para manter a felicidade em dia. Obstáculos e dificuldades aparecerão, mas, quando focamos no que realmente importa, essas situações ficam em segundo plano.

A viagem ainda está longe de acabar, mas o brinde à vida já foi feito.

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