Já nos primeiros dias deste ano comentei com Margarete que precisaríamos ir para Belo Horizonte, afinal em 2022, o disco Clube da Esquina, de Milton Nascimento e Lô Borges, com a participação ilustre de nomes como os de Toninho Horta, Beto Guedes, Wagner Tiso, Nelson Ângelo, Márcio Borges entre tantos outros, completou 50 anos.
Eu tinha absoluta convicção de que ao longo do ano haveriam diversos tributos ao disco. Mais uma vez as peças desse gigante tabuleiro, que são nossas vidas, foram movidas pelo acaso e no jantar baile em homenagem aos aniversários de Porto União e do Clube 25 de Julho, fomos com o casal de amigos Beti Ulrich e Luiz Américo de Souza, que nos contaram que iriam para Minas Gerais em novembro. Me interessei de imediato e procurei a agência de turismo responsável pela viagem. Ainda havia vagas. Voltamos de Minas Gerais nesta quarta-feira, 30 de novembro. Antes de ir procurei no Google o telefone do Bar do Museu Clube da Esquina para saber se naqueles dias em que permaneceríamos em BH haveria algum tributo ao seminal disco. Mais uma vez a inextricável engrenagem do acaso moveu suas peças e nos ofereceu na noite de sexta-feira, 25, um show com Marilton Borges e seu filho Rodrigo Borges. O bar fica, exatamente, na esquina das ruas Paraisópolis com Divinópolis, onde, principalmente, os ainda muito garotos, Lô Borges e Beto Guedes se reuniam para conversar e tocar violão. O bar é simplesmente sensacional, com ótimo atendimento, cardápio, decoração e acústica, isso sem falar no repertório, todo calcado no Clube da Esquina, assim como entre outras composições de Milton Nascimento, Lô Borges, Fernando Brant, Ronaldo Bastos, Márcio Borges e Beto Guedes. O show, com Marilton nos teclados e Rodrigo na guitarra me envolveu desde a primeira música e foi num crescendo com a belíssima Trem azul, Nada será como antes, Paisagem da janela, Encontros e despedidas, todas no primeiro set. Depois de uma breve paralisação eles voltaram para o segundo set e como se adivinhassem meu pensamento, tocam a magnífica, Travessia. Logo em seguida vem, Para Lennon e McCartney, Feira Moderna e culminam com Um girassol da cor de seu cabelo. Aplausos e mais aplausos e eles bisam com, Maria Maria. Muito emocionado, subo ao palco, me identifico, dizendo que sou do Paraná e acho Clube da Esquina o maior disco da história da música popular brasileira. Eles como todos os mineiros, são muito atenciosos e simpáticos e posam para uma foto a meu lado. Já indo embora, ao passar por Marilton, toco em seu ombro e digo: Os sonhos não envelhecem e ele me responde sorrindo, jamais. É preciso ressaltar que tal frase está na maravilhosa, Clube da Esquina II. Poucos discos falaram tão de perto com minha geração, disseram o que queríamos dizer e o que queríamos ouvir. Clube da Esquina é também o mais pictórico de todos os discos da MPB, nos remete, as imagens evocadas pelas canções, assim como a imagens formuladas por nós ao ouvirmos cada uma das músicas. O disco, como os sonhos, não envelheceu um dia sequer e a cada nova audição fica mais atual do que nunca. Noite memorável, inesquecível e eterna como o Clube da Esquina. PS. Quem chegou ao nível de excelência deste disco, para mim são, Pérola negra, de Luís Melodia, Calabar, de Chico Buarque. Ambos completam 50 anos em 2023, e Alucinação (1976), de Belchior.
Agradecimento Agradeço ao amigo Flávio Carraro, que, gentilmente, me enviou seu livro, A caneta de meu pai. Carraro em boa parte do tempo em que residiu em União da Vitória, foi colunista de Caiçara, nos honrando com sua talentosa verve. Também agradeço ao amigo Luiz Carlos Konfidera, autor do livro, 60 anos em um… – Uma história de lutas e persistência. Nessa importante obra de registro histórico o autor narra a história da Sociedade Beneficente Recreativa Iguaçu – Clube Sede de São Cristóvão. O autor há muitos anos é presidente do Clube e melhor que ninguém, conhece cada passo de sua trajetória. Finalmente agradeço ao também colunista de Caiçara, pesquisador e escritor, Craque Kiko, que me presenteou com seu mais recente livro, Coisas da bola – resenhas e crônicas de um contador de histórias. No livro que tive a satisfação e o privilégio de prefaciar, estão contidas as crônicas do autor publicadas em Caiçara. Cumprimento os autores e agradeço por me propiciarem uma ótima leitura.