BREVES HISTÓRIAS
Acabou o pesadelo

Com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 30 de outubro, acordamos do pesadelo que foi o governo de bolsonaro. Vivemos por quatro anos sob um governo negacionista, obtuso, autoritário e obscurantista, que foi, paulatinamente, desmontando o estado. Bolsonaro aniquilou a cultura, quase reduziu a educação a pó, tratou a pandemia como uma gripezinha, riu e escarneceu de pessoas com Covid19, menosprezou as famílias de milhares de mortos, dizendo que não era coveiro, não comprou vacinas quando poderia ter comprado e por isso precisa responder, criminalmente, pelo genocídio que comandou.
Durante seus quatro anos agiu, exatamente, igual, como ao longo de sua vida pública, desdenhando de minorias étnicas, insultando a comunidade LGBTQIA+, menosprezando as mulheres e não apenas se omitindo nas questões ambientais, como incentivando o desmatamento e a consequente mineração ilegal e o agronegócio predador.
Mentiu, descaradamente, se fazendo passar por um homem, extremante, religioso, negando com suas atitudes os princípios religiosos de qualquer religião ou seita.
Ainda assim, conseguiu convencer 49% do eleitorado que ignorou suas ignomínias, seus seguidos ataques à democracia, somando-se a isso sua total incapacidade administrativa e sua absoluta desqualificação intelectual e cognitiva que não o permitia articular duas frases.
A maioria das pessoas que o apoiou e de forma insana continua a apregoar e difundir mentiras nas redes sociais, sempre estiveram entre nós, que não percebíamos seus gestos e pequenas atitudes, reconhecendo apenas um conservadorismo anacrônico e ignorando que neles estavam embutidas as ideias fascistas.
Conversando com amigas e amigos, lendo muito sobre o bolsonarismo, ou melhor, sobre o ideário fascista, primeiro atribui tudo isso a um arraigado antipetismo, mas aos poucos fui compreendendo que o buraco é mais embaixo e só posso enxergar nesta enlouquecida extrema direita o firme propósito de, como disse Paulo Guedes, impedir que os pobres, passem das rodoviárias aos aeroportos, que viagem ao exterior, que ocupem as universidades públicas e também privadas se utilizando do FIES ou do PROUNI e se tornem médicos, dentistas, advogados, engenheiros entre outros, profissões quase que exclusivas de uma casta.
É uma triste constatação.
Com a vitória de Lula fomos despertando do pesadelo, para sermos, efetivamente, acordados na posse e nos discursos que um Lula mais carismático do que nunca e que nos levou às lágrimas ouvindo-o falar de um governo no qual não haverá preconceito, no qual a palavra de ordem será a diversidade e a diminuição da desigualdade.
Salta aos olhos, é gritante a diferença do Ministério composto por Lula, daquele empobrecido, intelectualmente, grupo de ministros de bolsonaro.
Para terminar, não posso deixar de mencionar um ataque que sofri de um bolsominio, cujo nome não vou mencionar, para não dar publicidade à sua insignificância e pequena estatura cognitiva.
Mas vamos aos fatos. No final de dezembro mudei a foto do meu perfil no Facebook e Instagram. Substitui a foto onde estava um fora Bolsonaro, pela foto feita logo após a votação no primeiro turno, na qual envergo, com muito orgulho uma camiseta do MST.
O pigmeu intelectual, em seu comentário, me mandou arrumar as malas e ainda não contente, me chamou de ignorante.
Não arrumei as malas e assisti emocionado a posse de Lula, enquanto ele deveria estar em frente ao quartel pedindo a volta da ditadura.
Será que o ignorante sou eu?
Coisas memoráveis
de 2022
Inspirado pelos caros amigos Carlos e Cinthya Senkiv, decidi enumerar os fatos mais marcantes para mim em 2022.
Durante a pandemia, 2020/21, não pude visitar minha filha Mayara e Bradley, em San Francisco, na Califórnia. Em maio do ano passado eu e Margarete passamos alguns dias em São Paulo, com Nina Rosa e Clarissa e fomos para San Francisco, onde passamos ótimos dias, inclusive meu aniversário.
Mais ou menos na metade deste ano, reencontrei minha caríssima amiga Delamar Corrêa, em um espetáculo musical no Cine Teatro Luz.
Conversamos, longamente, ali mesmo e dali em diante temos nos visto frequentemente. Eu e Marga estivemos em sua casa em seu aniversário, saímos juntos várias vezes, inclusive em uma delas com nossa amiga comum e querida, Silvana Carvalho do Prado, que hoje reside em Ponta Grossa. Comemoramos juntos a magnífica vitória de Lula, depois a recepcionamos em nossa casa, juntamente, com as caríssimas amigas Silvana e Suzane Carvalho do Prado e Salete Tonon, que conhecíamos apenas superficialmente e agora trazida por Dela é também uma amiga muito querida.
Em 2023, eu Dela, Vana e Suzane completamos 40 anos de amizade, iniciada em 1983, no curso de História da então FAFI e consolidada por inúmeras afinidades eletivas e pela vitória na eleição para o Diretório Acadêmico daquela faculdade, por apenas 9 votos, desbancando o curso de Matemática que há vários anos dominava a política estudantil naquela Instituição.
Em julho passei alguns dias em São Paulo, ao lado de Nina Rosa, Clarissa e seus três gatos. Nos dias em que lá estive, estava acontecendo a Bienal do Livro. Fui no penúltimo dia e assisti a uma mesa com dois escritores de quem gosto, o brasileiro Ruy Castro e o português, Francisco José Viegas. Ainda em julho, estive com Margarete em Curitiba, onde fomos assistir ao ótimo show de Flávio Venturini, Sá e Guarabyra e 14 Bis. De quebra, ainda estivemos no seminal bar O Pensador, onde o acordeonista Marcelo Cigano, acompanhado de trio, arrasou em apresentação magnífica. Em outubro, a vitória de Lula, que pôs fim a um governo obscurantista, retrógrado e incompetente, foi esplendorosa. Em novembro eu e Margarete estivemos em Minas Gerais. Para mim o ponto alto desta viagem foi a estadia em Belo Horizonte e o show com Marilton e Gustavo Borges no Bar do Museu Clube da Esquina. Finalmente veio o Natal e o Ano Novo, com a presença de toda a família reunida, o que nem sempre é muito fácil. Formidável.
Foi um ótimo ano, espero que 2023 seja tão bom quanto este.
Desejo a meus caros e raros leitores um excelente ano, cuja garantia vem no fato de não sermos mais governados por bolsonaro.
Viva a democracia, a liberdade e a lucidez, que nunca mais ouçamos a palavra golpe militar e ditadura.