Aos 15 anos, embora com pouca coisa para pensar, tínhamos e carregávamos um enorme sentimento de urgência e mesmo assim o tempo parecia passar devagar, a areia escoava lenta nas ampulhetas. Já contei por aqui que aos 14 anos fui, gradualmente, passando o futebol para um plano secundário e elegendo novos interesses, como a música e as meninas, que efetivamente, passaram a entrar em nosso campo de visão.
E é no emblemático ano de 1973, que eu completei os mágicos 15 anos é, justamente, nesse ano que foram lançados alguns dos maiores, pelo menos para mim, discos da história da música. São desse ano por exemplo, os excelentes discos, Mind games, de John Lennon, onde está a música homônima, que deu nome a um de meus gatos. Também são desse ano Ringo Star, que contém a bela Photograph; House of the holy, Led Zepelin; Sabbath bloody Sabbath, Black Sabbath; Innervisions, Stevie Wonder; Goat head soup, The Rolling Stones; Aladin sane e Pinups, de David Bowie; Shoot out at the fantasy e On the road, do Traffic, são mais alguns discos desse mítico ano, recheado de grandes álbuns.
Aqui é preciso abrir um parêntese, pois são de 1973, pelo menos cinco dos maiores discos da história da música.
São eles: Dark side of the moon, Pink Floyd. Disco que subverteu e revolucionou a história do rock. Todo o disco é sensacional, mas Us and them, é uma das músicas mais bonitas de 1973. Outro grande disco daquele ano é Seeling England by the pound, Genesis e onde está a fantástica, I know what I like, entre outras raridades. Também é deste ano o genial, Let´s get it on, de Marvin Gaye, que repetiria a fórmula de What´s goin on, de 1971, um dos primeiros discos temáticos da soul music. Sem nenhuma dúvida o melhor disco de Paul McCarteney, Band on the run, onde estão além da faixa título, Bluebird, entre outras pérolas também é de 73.
Também deste ano é Living in the material world, para mim o mais bonito disco de George Harrison. Estão nele as belas, Give me love, Thats all, The light that has lighted the world e Who can see it.
Fechando minha lista está, Goodbye yellow brick road, do grande Elton John. Neste disco magnífico além da faixa título estão, Roy Rogers, Candle in the Wind, Bennie and the Jets, This song, Sweet painted lady e Harmony, o disco todo é sensacional e é de longe o melhor trabalho de Elton.
Nos Estados Unidos, Goodbye yellow brick road, saiu em álbum duplo, enquanto no Brasil sabe-se lá porque, foi lançado apenas um disco simples, não estando nele, por exemplo, as belíssimas, Sweet painted lady e This song.
De 1973 a 1975, eu escrevia em cadernos, que infelizmente, foram perdidos na enchente de 2014, a minha hit parade do mês e no final do ano, de acordo com a pontuação que as canções faziam eram eleitas minhas preferidas, que foram, se a memória não me trai: Seasons in the sun, The Terry Jacks; Brother Louie, Stories; Us and them, Pink Floyd; The love I lost, Harold Melvin & The Blue Notes e a campeoníssima, Sweet painted lady, de Elton John.
Nessa época de minha vida, eu ouvia mais música americana e inglesa, mas também ouvia música popular, brasileira e são, justamente, de 1973, três dos grandes discos da história da MPB: Manera Fru Fru manera, de Raimundo Fagner onde estão as belíssimas, Canteiros e Mucuripe.
Outro grande disco desse ano é, Calabar, de Chico Buarque, onde estão algumas de suas mais belas criações, como, Tatuagem, Bárbara, Fado tropical, Tira as mãos de mim e Cala boca Bárbara.
Finalmente, Pérola negra, de Luiz Melodia, onde figuram além da faixa título, Estácio Holly Estácio, Magrelinha Vale quanto pesa e Estácio eu e você, para citar apenas algumas.
Mas em 1973, nem tudo eram flores e num mundo sem Internet, muitas vezes não era fácil encontrar as canções que ouvíamos em rádios como a Iguaçu, de Curitiba, a Mundial, do Rio de Janeiro, a Excelsior de São Paulo e a Continental, de Porto Alegre, para mim, a melhor delas.