NACO DE PROSA

Até breve, Odilon Muncinelli

Dizer adeus a um grande amigo, é uma missão extremamente difícil que, com certeza, deixa marcas nos corações, porém, chega um momento em que não há outra alternativa e, é preciso dizer adeus, aprender a colocar pontos finais, aliás em uma homenagem a ele, em vida, escrevi que Odilon Muncinelli não era homem de ponto final, mas de vírgulas, e agora preciso aceitar e aprender a pontuá-lo após a sua partida. No entanto, penso que ele continuará na espiritualidade a preencher entre as vírgulas.
Então, despedimo-nos de Odilon Muncinelli, um exemplo de ser humano íntegro, honesto, bom marido, pai, avô, advogado, escritor, historiador, contador de causos maravilhosos, que nos fazem voltar ao tempo. Fazia parte de duas Academias, por isso sua imortalidade está garantida em seus livros e, em todos os seus registros deixados a nós, seus leitores. Foi um homem além de seu tempo, pois estava sempre pronto a orientar, a responder, a ensinar a quem o procurasse. Era culto, sábio e humilde, o que fazia com que seu coração abrigasse a todos que buscavam seus conhecimentos. Recordações que nunca mais se repetirão. É preciso certa disposição para abrir mão de alguém que foi tão importante na vida de muitas pessoas, continuará sendo imortal, não apenas por pertencer a Academias de Letras, mas por não deixar morrer a cultura das nossas cidades e região. Era excelente encontrar com ele para uma boa prosa, como ele dizia. Esperávamos o momento certo do abraço, daquele cafezinho regado a uma boa conversa, do sentar ao seu lado e ouvir histórias de amigos. Porém, a correria da vida não nos permite perceber que os dias passam, e os amigos vão ficando nas mensagens de bom dia e boa noite, e nada mais do que isso. Na promessa de que na próxima semana a gente marca algo, quem sabe?
E quando percebemos, o “bom dia” e “boa noite” cessam. E outra mensagem chega até nossos olhos: a partida do amigo para outro plano.
Momento de um misto de sentimentos dentro de nós, calafrios que nos arrepiam e a dor que não conseguimos controlar.
Pessoas nascem e morrem todos os dias, este é o ciclo já conhecido há milhares de anos, e sem desmerecer ninguém, mas quando é alguém próximo do nosso convívio o baque é maior.
E foi em um dia especial para nós, cristãos, que nosso querido amigo, Odilon Muncinelli se foi. No dia em que comemoramos a ressuscitação de Jesus Cristo, Odilon deixa este plano, seus familiares e amigos.
Quando recebi a notícia, confesso que por um segundo achei que estivesse lendo errado. Às vezes buscamos motivos para não acreditar, e é assim. Precisamos de alguém para nos ajudar a entender, mesmo sabendo que a vida é assim e, terá um final para todos aqui.
Agora, a tela branca tem uma pequena barra piscando, pedindo para que eu escreva a próxima frase, que enalteça este grande ser humano que foi Odilon, e a quem tenho o privilégio de dizer que foi um dos meus grandes amigos.
Bom de papo, bom de conselhos, bom de prosa e de contar fatos do passado. Sempre me fez sentir-me bem-vinda, fosse o momento e o dia, que fosse.
Confesso que o gosto da saudade que sinto hoje me traz um amargo à boca, não era o momento ainda, para mim. Mas para Deus, sim.
As lembranças ficarão para sempre aqui comigo, os papos, as risadas, as trocas de conhecimento, as consultas feitas tantas vezes para meus textos, pois Odilon era um intelectual completo, e como já citei, um homem generoso com todos os sedentos de conhecimento. E tem mais, ele jamais preocupou-se com horários, não havia pressa em acabar o assunto começado há horas. Assim era Odilon.
No momento da derradeira despedida, houve a tristeza do adeus, mas também a resignação pelas memórias que deixou a todos.
Sabia, sim, de sua importância na cultura, e que era preciso mantê-la viva. Sempre recebia seus leitores, seus amigos, os estudantes, enfim todos com o mesmo sorriso, ficava feliz em saber que era procurado para aumentar o conhecimento de alguém. Ele era um homem incomum e continuará sendo em nossa lembrança, em seus livros, em seus poemas, em sua Coluna Milho no Monjolo, em sua família e, em nossa sociedade.
Descanse em paz, querido Odilon Muncinelli e, se puder sinta orgulho do bem e de todos os ensinamentos valiosos que deixou a tantas pessoas. Até um dia!

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