Fins da década de mil novecentos e cinquenta, quando as cidades Porto União e União da Vitória viviam na nostálgica era dourada, quando o samba canção, o bolero, as músicas lentas e românticas embalavam os sonhos e aspirações da juventude, as tardes de domingo eram ansiosamente esperadas.
As semanas, os dias, os meses, os anos fluíam preguiçosamente, devagar como as águas do Iguaçu. De segunda-feira a sábado era uma eternidade; domingo era quase instantâneo, um flash de luz; ansiosamente esperado e de repente já era passado, lembranças saudosas.
O domingo iniciava com a expectativa da “santa saída” da Missa das 10:00 horas da Igreja Nossa Senhora das Vitórias em Porto União, frequentada pelas moçoilas internas do Colégio Santos Anjos e da fina flor da sociedade. Os rapazes em grupos, se postavam formando filas no momento da saída, cada um atraído por cada uma, quiçás possível acompanhante, eventual namoro. Era o sonho, a aspiração do “Romeu” da “Julieta” – que me perdoe Shakespeare.
Depois de assistir ao matinée em quaisquer dos cinemas das cidades irmãs, acompanhado ou não da namorada, o caminho obrigatório era o das tardes dançantes nos Clubes Apolo ou Concórdia.
Inesquecíveis os sentimentos, ora de fobia, ora de angustia, para adentrar ao Clube e, no embalo de música romântica, tomar nos braços a moçoila preferida, seja compromissado a ela ou não. Sentir o perfume dela exalado e, quando possível, o toque mágico da maciez do rosto, quando colados, embalados pelo som de música lenta e romântica, sentimento inesquecível. O simples toque das mãos, a proximidade dos corpos, o embalo da música romântica, o aroma perfumado exalado pela moçoila, são sentimentos insuperáveis e inesquecíveis.
Dos tempos de então até o presente, transcorreu quase um século, Entretanto, são vivas e lúcidas as memórias quando o som de bolero, samba canção, ou qualquer ritmo musical da época ecoa, todas as lembranças do passado se aviventam e se tornam presentes.
O desejo de retorno à época é insuperável, saudosas lembranças …
