SOLIDÃO E SOLITUDE

Negociação

Um dia desses, numa saída diária, uma mulher se aproximou e pediu dez reais para completar na compra do gás de cozinha. Pegou-me desprevenida, disse a ela. Eu estava apenas com meu cartão de crédito. Perguntei—lhe, então, se poderia ajudar de outra forma, e ela me pediu para comprar remédio para dor de cabeça. Entramos numa farmácia e enquanto eu falava com o atendente disse-lhe que pegasse uma água e algo a mais. Ao final ela me agradeceu dizendo: Que Deus lhe pague em dobro. Há a variante: Que deus lhe pague. Penso que a primeira expressão teve seu sentido alterado por alguém que quis fazer de Deus um ser mais generoso. E não foi a primeira vez que uma pessoa me disse isso. Nunca me senti confortável com a frase, porém evitava pensar nela. Mas naquele dia pensei… Que Deus lhe pague em dobro. Qual é o sentido da frase? Seria uma espécie de negociação com Deus? Faça o bem e receba (em dobro), caso contrário nada receberá. Pois bem, caso almeje receber algo em troca por conta da compaixão pelo próximo, não faça. Deus não aprovaria tal negociação.

Clique para comentar
Sair da versão mobile