BREVES HISTÓRIAS

Uma estrela a mais no firmamento

O polêmico, controverso e competentíssimo professor de Educação Física, treinador e um dos maiores formadores de atletas dos estados, de Santa Catarina e Paraná, Jorge Sérgio Schwartz, faleceu no dia 4 de janeiro de 2025, consternando as cidades irmãs.
Jorge por mais de 40 anos emprestou seu talento e sua pena afiada como uma navalha às páginas de Caiçara, onde assinou sua coluna Sem Censura.
Em 2020, Jorge trocaria as páginas de Caiçara, mediante divergências ideológicas, pelas páginas do Jornal O Iguassu, de propriedade de meu amigo, Claudio Gugelmin.
A última vez que vi Jorge, foi durante a projeção do filme Ainda estou aqui, em dezembro de 2024, no Cine Gracher, em Porto União
Ao término do filme, quando subiam os créditos, puxei os aplausos e ainda gritei: Ditadura nunca mais. Jorge que estava perto de nós, também se incorporou aos aplausos.
Esse meu caro amigo deixa uma lacuna impreenchível nos meios esportivos e jornalísticos regionais e estaduais e por que não nacionais, porque elevou quase ao máximo o nome de Porto União no cenário do Basquetebol feminino brasileiro

Em meu livro de crônicas, Meus caros amigos, publicado em 2014, escrevi uma crônica em homenagem a Jorge e que transcrevo a seguir, prestando, dessa forma, minha última homenagem ao amigo e endereçando, minhas condolências a seus familiares.
Um fim de tarde ao som de Travessia
Na manhã de terça-feira, 13 de outubro, enquanto trabalhava, ouvia algumas canções armazenadas na memória de meu micro e eis que me deparo com “Bridges”, com Sarah Vaughan e Milton Nascimento. “Bridges” nada mais é que a versão em inglês da magnífica “Travessia”, de Milton Nascimento e Fernando Brant, que compôs um belíssimo disco da inigualável Sarah Vaughan em homenagem à música popular brasileira
Sempre achei “Travessia” uma das mais belas canções brasileiras e ainda garoto, na época dos festivais, fiquei pra lá de indignado, quando em 1967 ela foi derrotada no II Festival Internacional da Canção Popular, por “Margarida”, de Gutemberg Guarabira, também uma bela canção, mas muito aquém de “Travessia”.
Essa versão com Saraha Vaughan a que me refiro ouvi na casa de meu dileto amigo, Orleans Antunes de Oliveira Filho, a quem já dediquei uma de minhas crônicas e a quem recentemente homenageei, oferecendo a canção “What´s new”, um dos mais belos standards da canção americana, quando aqui estiveram se apresentando no Bistrô da Cultura, Saul Trumpet, Fernando Montanari e Gerson Bientine
Como “Bridges”, também ouvi pela primeira vez na casa de Orleans a versão de “What’s new”, na voz da cantora de country music, Linda Ronstadt, que gravou um disco com algumas das mais belas torch songs da canção americana, tendo ao seu lado a fantástica orquestra de Nelson Riddle, que por muitos anos acompanhou Frank Sinatra.
Mas voltando à manhã de 13 de outubro e à “Travessia”, um de seus mais belos registros me foi propiciado por meu amigo Jorge Sérgio Schwartz
No final de 1993, alguns dias após o término de meu primeiro casamento eu estava em minha casa em um fim de tarde de verão, limpando a piscina, ouvindo música e tomando um scotch, quando ouço um carro entrar na garagem. Nem fui ver quem era pois eu já deixava a porta da garagem aberta naquela hora do dia em que sempre recebia amigos para um happy hour
Ouço uma música e vou ver de que se trata. Encontro Jorge Sérgio Schwartz com seu indefectível acordeão em punho, adentrando em minha casa e tocando “Travessia” que, com sua emblemática letra, dizia muito naquele momento de minha vida.
Jorge foi sem dúvida o autor de uma das mais belas e inesperadas homenagens que recebi ao longo de minha vida
Tomamos o litro de Chivas que ali estava acompanhado por uns canapés, esperando a chegada de alguns outros amigos que vinham para a sessão diária de bate-papo
Diante de tudo isso e da data, 13 de outubro, um dia após o aniversário de meu amigo Jorge, procuro, de forma bem menos inspirada, homenageá-lo, dedicando-lhe essa crônica.
Vida longa caro amigo.

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