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PSICOLOGIA PARA HOJE

Rituais de despedida

Celebrada com lembranças, homenagens, dores e saudades, 2 de novembro, é uma data que nos sensibiliza. Quem já perdeu um ente querido, quem está vivendo o momento terminal de alguém, quem tem medo deste desenlace, sabe que não há como evitar que o fato e mesmo o pensamento nos visite vez ou outra. De modo espontâneo, rituais de despedida se desenrolam para que as homenagens possam passar a fazer parte da vida e deixem para trás a dor que, na ora da partida, foi tão forte e sentida como intransponível.
Diante da impossibilidade de evitar o último ato da vida, modos de lidar com maturidade com este fato, são importantes para a concretização saudável da despedida. Estes incluem respeito e enfrentamento de sua aproximação por meio de conversas, não raro buscadas pela própria pessoa que está na iminência terminal. Muitas vezes, por desconforto próprio ou desejo de preservar a pessoa do que se supõe ser um sofrimento evita-se esta conversa. No entanto, é esta que poderá fazer com que o momento temido seja acolhido com mais serenidade. O teor desta conversa traz em seu bojo a revisão do ciclo vital, avaliação dos caminhos percorridos. Agora não há mais tempo e coisas precisam ser ditas para que a passagem seja o mais tranquila possível. Falar sobre angústias, ansiedades e fantasias, refletir sobre o assunto, repassar a vida, fazer recomendações, expressar anseios, acertar contas afetivas traz sensação de tranquilidade e alívio, ou seja, tarefas cumpridas
Em casos de doença terminal com internamento, serviços de cuidados paliativos têm sido oferecidos por algumas instituições hospitalares quando os próprios atendentes orientam os familiares a lidar com a morte de seu ente querido. Estes cuidados incluem falar à pessoa na iminência da partida, sobre lembranças e aprendizados propiciados por ele ou ela, mesmo em casos em que estejam inconscientes. Sabe-se que, em algum nível, estão sendo recebidas as palavras e os sentimentos ali transmitidos.
Quando acontece o óbito, a dor e a impotência se manifestam ainda mais e o contato com parentes e amigos é uma forma de vivenciar a perda de modo compartilhado. O choro, o abraço, a chegada de cada pessoa amiga, é um conforto a mais e, por meio destas manifestações de amizade e solidariedade, é que a pessoa que perdeu vai sentindo o apoio de que necessita neste momento.
Os rituais de despedida incluem o apoio destas presenças e mesmo o contar e repetir os últimos momentos da pessoa querida fazem parte do processo de elaboração do luto. Este contar e repetir funcionam como meios de constatação do fato em nível psíquico, fator necessário para o processamento do sentimento de perda.
A reunião de familiares após os ritos funerais é outro ritual espontâneo que acontece e contribui, coletivamente, com a despedida. São lembranças de fatos e ocasiões vividas em família que emergem e são revividas, que fazem com que todos compartilhem ou mesmo fiquem sabendo dos acontecimentos, quando não participaram dos mesmos. Os risos e sentimentos, ao lembrar dos episódios sociais e familiares, são condições preciosas de integração e fixação das experiências vividas no psiquismo, aspecto que eterniza a presença de quem se foi no self de quem fica. Tal situação é necessária para que o luto se processe.
Os dias passam após a morte e o funeral e chega a hora de mexer nos pertences da pessoa falecida. Aqui, outra ocasião ritual e importante para o processamento do luto se configura. Acessar e manusear roupas, objetos e pertences em geral, é condição do momento seguinte da despedida. Quantas histórias, quantas lembranças vão surgindo e momentos de choro e riso acontecem. Vivenciar os sentimentos aqui suscitados são fundamentais para a reconstrução da vida, agora sem a pessoa presente, do ente que partiu.
Rituais religiosos, como missa de sétimo dia, ou outro ritual conforme a crença dos familiares, a demarcação do primeiro, segundo, etc. meses do falecimento também contribuem para a volta à rotina daqueles que perderam alguém. Assim vão se passando os dias, as quatro estações, o ano e o que era dor, transforma-se em lembranças e revelam-se os aprendizados que a convivência com o ente querido deixou para sempre na vida de cada pessoa.
O luto é uma experiência solitária e singular para cada um. Vivenciá-lo propicia a reconstrução e reorganização da própria vida após a ruptura ocasionada pela perda. A experienciação do processo de luto contribui para situar, novamente, a pessoa no mundo e encontrar um novo lugar em si para aquele que se foi.
A vivência de partes deste processo de despedida, sobretudo as visitas finais e os funerais, estão dificultadas pela situação de pandemia que vivemos. No entanto, modos de fazê-lo estão sendo criados e descobertos, seja no íntimo de cada um ou mesmo por via online, para que a partida de pessoas queridas e importantes para outra dimensão seja honrada e homenageada não somente com flores e ritos religiosos, mas sobretudo com o reconhecimento das experiências com elas vividas. E que a dor da perda nos ensine a valorizar a presença de cada pessoa em nossa vida em cada aqui e agora.

12 de novembro de 2020 – Maris Stela

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PSICOLOGIA PARA HOJE

Leni Trentin Gaspari

Grande mulher! Esposa, mãe, avó, professora, pesquisadora, escritora, imortal pela Academia de Letras do Vale do Iguacu…
Mas não é sobre seu currículo que quero aqui escrever. Certamente ficarão faltando menções, pois muito ampla foi sua atuação em nossa sociedade e nossa cultura. Quero escrever sobre a pessoa, a amiga, a acadêmica dedicada que sempre foi. Entusiasmo, palavra de origem grega, significa ter Deus dentro de si. Assim era Leni, nossa guia, nossa referência, com seu jeito afetivo, mas firme de ser, de nos manter dentro dos propósitos da Academia, lembrando sempre de seu lema “Nula dies sine linea”, nos instando a que não passássemos nenhum dia sem escrever uma linha. Todos sabem seu lugar e o que lhes cabe nesta entidade tão produtiva e significativa, mas, Leni ainda assim era nosso farol. Sua alegria era a família, à qual se dedicava com amor e desvelo, mas também o era a docência. Aqui também foi farol.
Quantos e quantos alunos ela iluminou, quantos talentos descobriu e encaminhou para brilharem? Leni “roubou” minha secretária… Não posso deixar de citar este acontecimento quando ela “tirou” de mim uma secretária eficiente, que viabilizava o andamento de meu consultório de Psicologia. Costumo dizer que Dulceli, esta secretária, fazia tudo para mim, no trabalho. Ela só não atendia os clientes… todo o resto era ela que fazia para eu poder trabalhar. E Leni a descobriu na faculdade de História, onde se destacou. A princípio fiquei chateada e sem chão, mas logo entendi que ela era muito grande para um espaço tão pequeno de marcar consultas e fazer serviços de banco…. Leni percebeu seu potencial e o quanto ela podia voar. Convidou-a a participar de um projeto do curso de História, registrando sítios históricos locais e de nossa região, o que resultou em seu primeiro livro. Hoje ela é doutora em História, concursada e atua em Universidade Federal no Mato Grosso do Sul.
Quantos mais a senhora alavancou, professora Leni? Quando do lançamento de seu quinto livro em 27 de abril de 2024, eram muitos os alunos que passaram por suas mãos que estavam comemorando com a senhora, emocionados, mais uma realização sua, pessoal e editorial. Mais uma rica contribuição para nossa cultura, nossa sociedade.
Na Academia, na ALVI, foi intelecto e coração. Para mim, foi e continua sendo uma baliza. Em caso de dúvida, era para ela que eu olhava, era a ela que perguntava. O carinho e a correção com que me respondia era a mesma que dispensava a todos nós, suas confreiras e confrades. Hoje e para sempre, por meio de seu exemplo, teremos sua marca em nossas mentes e corações.
Como tocar a academia sem sua presença, querida Leni? Foi o que pensei quando a perdemos, mas logo veio a resposta: ela, juntamente com os decanos da ALVI, ensinou e observou o tempo todo os cânones, as regras, os caminhos percorridos e a percorrer. Vivenciou em atitudes e palavras a importância e o grande amor que tinha pela entidade. Sempre entusiasmada, sempre com Deus em si nas causas que abraçava.
Usei uma de suas obras, No tempo dos trens nas “Gêmeas do Iguaçu”, de 2011, uma viagem ao passado, em minha tese de doutorado. Neste livro ela dá visibilidade às mulheres trabalhadoras do início de nossa história local. Em 2020, o mundo parou mas, Leni não. Em meio à pandemia, ela lançou As parteiras e seu ofício de aparar bebês.
Os dias que antecederam 27 de abril de 2024, data do lançamento de seu quinto livro, Novos olhares sobre a história de União da Vitória, que tem na capa um sol se pondo…, Leni os viveu com intensidade, com notável dinamismo, emoção, alegria e nos colocou a todos em clima de entusiasmo também. Confesso que me preocupei… mesmo sabendo que a causa era justa, preciosa, digna de todo empenho de realização, ela estava exuberante de alegria e pensei: como ela aguenta estar sob esta intensa energia? Seu rosto, mais do que nunca estava iluminado por mais uma obra concluída, por mais uma contribuição à Academia. Ela parecia não caber em si de entusiasmo e senso de realização e seu tempo cessou. Leni não adoeceu. Ela encerrou seu tempo físico entre nós com a certeza de ter feito o seu melhor, pois se assim não fosse ela não aceitaria. Sempre dando o seu melhor, sempre a sua luz brilhando… O que a movia não era uma força comum, mas uma luz, repito, a luz do entusiasmo, a luz de quem tem a vida vibrando em plenitude dentro de si. Assim ela viveu sua vida, contemplando a família, a vida acadêmica, os escritos. Não combinaria com ela estar na vida sem dela participar com o frescor do entusiasmo, força que sempre a moveu. Assim ela se despediu, saindo de cena em um glorioso momento de sua vida, como fazem os grandes. Antes de ir, ela ainda encaminhou com os acadêmicos as providências para mais um evento da ALVI, a concessão de Comendas Pinhão do Vale a eminências de nossas cidades a serem entregues em maio de 2024. Em seguida, silenciou. Ao sabe-la ausente, lágrimas vieram copiosas aos meus olhos, mas o exemplo e a lembrança de seu rosto sempre alegre e iluminado tomaram seu lugar e assim seguimos, os colegas da ALVI e eu, entendendo mais do que nunca o significado da palavra Imortal. Palmas e graças à sua passagem por entre nós, querida Leni. Sua missão foi cumprida em cada instante de sua vida e isso estará sempre impresso em cada linha que escreveu. Nula dies sine linea.

Por Maris Stela da Luz Stelmachuk

Membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu. Ocupa a Cadeira 16, cujo patrono é Alvir Riesemberg.

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PSICOLOGIA PARA HOJE

A Psicoterapia e o nosso manual de instruções.


Sempre que compramos um aparelho elétrico ou eletrônico, por mais simples que ele seja, vem acompanhado por um manual de instruções. Em geral, conhecemos um pouco do funcionamento do aparelho que adquirimos e passamos a usá-los imediatamente e só recorremos ao manual em caso de alguma dúvida. Ler o manual nem sempre é fácil. Ele é claro, mas não óbvio, pelo menos para nós, comuns, não iniciados em eletrônica ou informática. Até encontrarmos alguém que tenha paciência de ler ou que compreenda os termos do manual, passamos por vários momentos de chateação, de frustração por não podermos obter de nosso aparelho aquilo que ele pode proporcionar.
Não poucas vezes ouvimos e comentamos que seria bom se, como os aparelhos eletrônicos, viéssemos ou se nossos filhos viessem com manual de instruções. Isso facilitaria nossa forma de entendê-los, de educá-los, tudo seria mais fácil. Cada vez mais se ouve da falta que faz um manual de instruções para a condução da vida. Mas… será mesmo que não trazemos conosco um manual de instruções? Observando a vida animal percebe-se que os bichos vivem suas vidas, cumprem sua função, seguem sua determinação genética e não há dúvidas sobre o que devem e o que não devem fazer. Como seres irracionais, não passam pelas vicissitudes humanas de questionamentos e dúvidas sobre o caminho a seguir, que comportamento manifestar. Fácil seria seguir os instintos e dar vazão aos impulsos primários que trazemos em nós, como qualquer animal. No entanto, a condição de vida racional e em sociedade, com todas as suas implicações, não permite aos seres humanos essa linearidade. E aí começam as complicações.
Todos os dias nos deparamos com inúmeras situações, sensações, sentimentos, pensamentos que pedem uma ação. Mas qual a melhor, a mais acertada? Em geral não paramos muito para pensar e tomamos atitudes tranquilamente, sem maiores consequências. Mas nem tudo e nem sempre é assim tão tranquilo. Ao longo da vida, surgem situações às quais respondemos com repetições frustrantes e nem sempre percebemos, nem sempre paramos para refletir sobre elas. Atribuímos à vida… a vida nem sempre é como a gente quer… E os resultados disso vão aparecendo. Alguns bons, satisfatórios, alguns nem tanto, alguns desafiadores, que exigem mais de nós. E tem também aqueles objetivos que não são atingidos. É nessa hora que lembramos de como seria bom ter em mãos um manual de instruções. Mas onde ele está? Será que veio comigo quando nasci? Quem dera ele existisse, nos perguntamos…
A boa notícia é que ele existe e está ao nosso alcance. A má notícia é que, como nos aparelhos eletrônicos, ele é claro, mas não óbvio. É preciso aprender a ler e entender seus termos, as chaves para que funcionem de modo que levem aos objetivos pretendidos. Às vezes precisamos de um técnico que nos ajude a decifrá-lo. E a palavra é essa mesma: decifrar. Tal como declarou a esfinge, se não o deciframos, somos devorados, destruídos. Quando não destruídos, no mínimo funcionamos mal, abaixo de nossas possibilidades, insatisfatoriamente e… o sofrimento vem. A pressa e o imediatismo da sociedade acelerada em que vivemos atrapalham e até impedem a leitura de nosso manual. “Não há tempo!” Após sucessivas frustrações passamos a nos acostumar com as limitações, comprometendo nossa qualidade de vida e até mesmo nossa saúde.
“Mas… já que não encontro as respostas em meu manual, cadê o técnico que me ajude a entendê-lo?” E aí, as alternativas saudáveis que surgem se configuram quando recorremos aos amigos, aos oráculos, à auto-observação, à auto-análise, à análise, à psicoterapia. Cada um desses recursos tem uma função, um alcance, trazem luz ao “indecifrável”. No caso da psicoterapia, o técnico é o psicólogo e o alcance é a descoberta de que o manual está à mão e é auto-explicativo. À cada emergência de uma solicitação interna, seja por meio de um sentimento, de um pensamento, de um sofrimento, de um desejo, de uma dúvida, há uma resposta, bem dentro de nós, em alguma página de nosso manual de instruções.
Em muitos anos de prática em psicoterapia com pessoas de todas as idades, nunca recebi em meu consultório uma só pessoa que não trouxesse consigo o seu manual de instruções, com as respostas e os encaminhamentos adequados às suas necessidades. Em sua busca por acompanhamento psicológico, apenas solicitavam ajuda na leitura desse manual. Cada um deles, cada um com sua complexidade, foi lido juntamente com seu proprietário, que, aos poucos, em seu ritmo, foi aprendendo a fazer sua própria leitura, construindo sua autonomia e passando também a compreender um pouco mais o “manual” dos outros.
Esse manual, muitas vezes, transformou-se em fina literatura, às vezes em pintura, revelando que, por trás das instruções estavam inspirações artísticas, histórias de vida belíssimas, comoventes, dignas de figurar nas mais célebres galerias de arte e literatura, obras sublimes da realização humana. Agradeço a cada uma dessas pessoas pelo compartilhamento da beleza de suas almas e também agradeço por não precisarem mais de mim, pois, com a ajuda para aprenderem a ler seus manuais, conquistaram autonomia e hoje conhecem os caminhos para chagarem, por si mesmos, às páginas que precisam ler para saberem como agir consigo e com os outros.

Por Maris Stela da Luz
Stelmachuk
Membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu. Ocupa a Cadeira 16, cujo patrono é
Alvir Riesemberg.

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PSICOLOGIA PARA HOJE

Psicologia da UnC lança livros de ex-alunos.

O texto aqui apresentado vem com viés diferente dos textos anteriores e isto tem três motivos: um deles é a divulgação de evento, de grande importância para a Psicologia local, regional e nacional. Sendo de importância para a Psicologia, é de importância para todos nós, pois esta ciência e profissão tem como objeto de estudo o ser humano em suas relações, tema que interessa, e muito, a todos. Outro motivo é a visibilidade do curso de Psicologia da UnC para o desenvolvimento regional e, outro motivo ainda é o orgulho de ver nossos egressos dando continuidade a seus estudos em centros maiores, chegando a publicar livros, como parte de seus trabalhos em âmbito nacional.
Post isso, o curso de Psicologia da UnC, campus Porto União, teve a satisfação de lançar para toda comunidade das cidades gêmeas e região, dois livros, nos quais há a participação de dois egressos deste curso. Capítulos destes livros foram escritos pelo psicólogo Vanderlei Woytowicz, versando sobre trabalho com grupos e o outro pela psicóloga Kelen Nahirne, que aborda o atendimento psicológico a crianças por meio de Ludoterapia. O evento de lançamento foi no dia 19 de fevereiro, às 19 horas, no auditório da UnC, campus Porto União, situado no Bairro Cidade Nova, à rua Joaquim Nabuco, 314. Conheça a produção científica e acadêmica de nossos egressos!
Aqui vai um pouco da história da Psicologia em nossa região e destes dois egressos, que terminaram sua graduação nos anos de 2015, Vanderlei e 2018, Kelen. Em sua graduação, Vanderlei fez pesquisa para Trabalho de Conclusão de Curso enfocando grupos, sob título Meditação na infância como recurso para auto-atualização. Kelen Nahirne elaborou para seu trabalho de conclusão de curso, um estudo de um caso de atendimento em Ludoterapia, ambos orientados dentro da Abordagem Centrada na Pessoa, de Carl Rogers.
As duas obras ora lançadas foram escritas a várias mãos, sendo a primeira “Abordagem Centrada na Pessoa – Experiências formativas”, vol.1, cujo capítulo 8 é de autoria de Vanderlei. Este foi escrito a partir de uma experiência de atendimento a um Grupo de Encontro realizado on line, em julho de 2022. O título do capítulo é Experiência de um grupo de encontro: o nado de um cardume em processo de atualização. A segunda obra é o volume 2 de Abordagem Centrada na Pessoa – Experiências formativas”, cujo capítulo 6 é de autoria de Kelen Nahirne, com o título A criança e a relação terapêutica além do diagnóstico na Abordagem Centrada na Pessoa.
Importante é conhecermos o empenho e dedicação deste psicólogo e desta psicóloga, ambos egressos do curso de Psicologia, campus Porto União da Universidade do Contestado. Este curso teve início em 2001 e já formou 14 turmas de psicólogos que atuam nas diversas áreas da Psicologia (Clínica, Escolar, Organizacional, Trânsito) local e regional. Atuam também na docência superior em instituições de ensino.
A trajetória de Kelen e Vanderlei teve início durante seu curso na graduação em Psicologia, quando, durante as aulas de Teorias da Personalidade III, que aborda a visão humanista do sujeito humano, sobretudo nas aulas que abordavam a ACP, se identificaram com seus conceitos. Um dos conceitos fundamentais desta abordagem é a consideração positiva incondicional, em outras palavras, aceitação da realidade do sujeito, como ponto de partida para seu autoconhecimento e crescimento. Outro conceito é a congruência, ou seja, alinhamento de sentimento, pensamento e ação. Também um conceito essencial desta abordagem é a compreensão empática ou capacidade de se colocar no lugar do outro, sem com ele se confundir. Estes três conceitos, consideração positiva incondicional, congruência e empatia, além de conceitos, são também atitudes facilitadoras nas relações humanas, não só terapêutica, mas também em todos os outros tipos de relação entre pessoas.
Tanto Kelen como Vanderlei, ao identificarem-se com esta abordagem nas aulas, a escolheram para pautar sua prática clínica em seus estágios curriculares. Mas além dos estágios, eles escolheram esta abordagem para fundamentar suas pesquisas e estudos em seus trabalhos de conclusão de curso, atividades nas quais tive a oportunidade e o gosto de orientá-los.
Após sua graduação, eles iniciaram sua vida profissional e, como é desejável e necessário, deram continuidade à sua capacitação, ampliando e aprofundando seus conhecimentos, buscando pós-graduação e formação nas áreas de sua identificação, a já mencionada Abordagem Centrada na Pessoa. Assim, chegaram ao Grupo Florescimento Humano, que oferece formação em diversas áreas da Psicologia (Escolar, Supervisão, Plantão psicológico, Clínica). A Abordagem Centrada na Pessoa, como o próprio nome indica, é centrada na pessoa e em seu potencial de crescimento, ou seja, não prioriza diagnósticos ou patologias, mas o ser em sua tendência atualizante, de crescimento constante em direção à sua realização como ser humano. Cada um, em sua diferença e peculiaridade, ao longo de sua vida, vai se tornando o melhor que pode ser. Sabemos que não há perfeição e nem finalização neste processo, mas há, sim, crescimento sempre, desde que este seja buscado.
As obras ora lançadas são fruto de trabalhos de conclusão de sua formação em curso em duas áreas da ACP. Vanderlei fez sua formação em Psicologia Clínica. Kelen optou pela Formação em Ludoterapia, área da Psicologia que faz atendimento a crianças. Ambas as formações são ministradas pelo Grupo Florescimento Humano, do Rio de Janeiro. Este grupo é coordenado pelo psicólogo Wagner Durange e Márcia Guimarães, que estiveram presentes no evento de lançamento destes livros. Na mesma data deste lançamento, Wagner e Márcia fizeram atividade presencial com psicólogos de nossa região. Esta atividade aconteceu na manhã do dia 09 de fevereiro, nas dependências do Campus UnC, Porto União.
Conhecer um pouco da trajetória destes dois jovens psicólogos dá visibilidade para o que pode vir a ser a carreira profissional de alunos comprometidos, que teve início em anos anteriores de sua formação. Com sua dedicação estão trazendo contribuições significativas para toda a sociedade regional e para a Psicologia Humanista do Brasil. Parabéns, Kelen! Parabéns, Vanderlei! Parabéns Psicologia da UnC!

Maris Stela da Luz Stelmachuk é membro da Academia de Letras Vale do Iguaçu – ALVI, ocupante da cadeira 16, cujo Patrono é Dr. Alvir Riesemberg.

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