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CULTURA LATINA

LA ISLA DE LAS MUÑECAS (A ILHA DAS BONECAS)

Entre as notáveis maravilhas naturais que o México traz para o mundo, existe um lugar chamado Xochimilco. O nome vem da língua náhuatl, que significa “O lugar onde crescem as flores”. Foi instituído em meados de 1352, por uma das sete tribos náhuatl nativas de Chicomostoc. É composto por aproximadamente 190 quilómetros de canais navegáveis, misticismo e natureza. Tais canais encontram-se ao sul do limite da Cidade do México, a 23 quilómetros da área central da cidade. É o único lugar na Cidade do México que ainda guarda o sistema de canais que compunham a incomensurável Tenochtitlán, que foi construída em uma ilha do lago Texcoco e na parte sul do imenso lago o povo construía as chamadas chinampas (uma espécie de canteiro flutuante erigido sobre áreas lacustres com madeira trançada, lama e vegetação nos quais realizava-se a cultura de algumas plantas e flores). Atualmente é uma rica fonte de entretenimento para aqueles que fogem da poluição e do intenso tráfico na Cidade do México.

Os canais de Xochimilco são um zéfiro de ar fresco e as suas gôndolas (que recebem o nome de trajineras/traineiras), sobrepõem um pouco de cor ao ar plúmbeo da área central mexicana. É em Xochimilco que está localizada a misteriosa ilha das bonecas (Isla de las muñecas ), uma paisagem enigmática e tétrica que foi habitada por alguns anos pelo ermitão Julian Santana Barrera , atualmente essa ilha representa um cenário medonho com bonecas de todos os tipos e tamanhos, penduradas nas árvores lá existentes.

De acordo com a lenda conta-se que Julian encontrou um cadáver de uma jovem que afogou -se enrolada em lírios próximo a margem de um dos canais da ilha. Desde então Julian foi sistematicamente “visitado” pelo espírito da moça, a qual chorava, gritava e queixava-se initerruptamente.

Com abundante temor, Julián encontrou uma solução para seu problema em pouco tempo… ao navegar pelos canais encontrou uma boneca boiando sobre as águas, foi então que teve a ideia de pendurar a boneca em uma árvore, com intuito de proteger-se do espírito da moça e de outros que pudessem por ali chegar. Com o passar do tempo foi arrecadando bonecas de todos os tipos e tamanhos e foi rodeando sua ilha com elas, pendurando-as pelas árvores, para que fossem elas suas guardiãs. Atualmente essas “guardiãs” contam por volta de mil.

Em meados do ano de 2001, já com idade avançada Julian se aproximou de um dos canais da ilha para pescar com seu sobrinho… Na ocasião, Julián confessou ao sobrinho que existia uma “sereia” no rio, a qual pretendia levá-lo com ela a muito tempo. O sobrinho fez pouco caso da história e disse ao velho tio que aquilo não passava de um frenesi de sua parte e que as sereias não existem. Após proferir tais palavras, deixou o tio por alguns instantes e foi guardar o gado que pelas imediações pastava. Ao regressar encontrou o cadáver do tio boiando sobre as águas, no mesmo lugar onde a anos atrás ele havia encontrado o corpo da moça. Julián teve um infarto fulminante e seu corpo sem vida caiu nas águas do canal. Após a partida de Julian, seu sobrinho herdou o lugar e o converteu em um local turístico.

Desde esse momento, a ilha é conhecida como “La isla de las muñecas”, um lugar cercado pelo mistério e tragédia o qual atrai turistas de todas as partes do mundo. Os visitantes asseguram que algumas das bonecas ali penduradas envelhecidas, sujas, com seus globos oculares ocos e muitas vezes mutiladas, cobram vida na penumbra e afugentam os maus espíritos que rodeiam o ambiente misterioso.

Gracias mis amigos, hasta pronto….

1 de fevereiro de 2018 – ​Suelen Kukul Bracho

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CULTURA LATINA

CORTÁZAR

Julio Florencio Cortázar, foi um dos escritores argentinos mais importantes do século. Dono de um olhar verde e inocente, de olhos compridos, um rosto sardento animado por uma funda gargalhada, era amante de jazz, do boxe e dos livros de Julio Verne e Edgar Alan Poe.
Filho de argentinos,veio ao mundo em 26 de agosto de 1914 na embaixada da Argentina em Ixelles, distrito de Bruxelas na Bélgica tendo regressado a sua terra natal aos quatro anos de idade. Seus pais se divorciaram em seguida e ele passou a ser criado por sua mãe, sua tia e pela avó. A maior parte de sua infância foi em Banfield, na Argentina e ele não foi uma criança completamente feliz, expondo uma tristeza constante. Julio era um garoto bastante doente e passava muito tempo acamado, lendo livros que sua mãe escolhia. Muitos de seus contos são autobiográficos, como Bestiario, Final del juego, Los venenos, La señorita Cora, entre outros.

Anos depois já adulto, formou-se docente em Letras no ano de 1935, na “Escuela Normal de Profesores Mariano Acosta”.Em 1938 publicou o livro de poemas Presencia, com o alônimo de “Julio Denis”.

Durante cinco anos ele ensinou em escolas rurais. Em 1944 foi designado professor da Universidad de Cuyo, em Mendoza na Argentina época em que participou ativamente das manifestações contra o peronismo.

Na década de 50 aos 37 anos, por não aquiescer com a ditadura na Argentina, foi para Paris (França) pois também havia granjeado uma bolsa do governo francês para ali estudar pelo período de dez meses.Após esse tempo acabou se acolhendo no país definitivamente. Em 1953 Julio casou -se com Aurora Bernárdez, uma tradutora argentina. Viviam em Paris, onde na época surgiu a oportunidade de traduzir uma obra completa em prosa de Edgar Allan Poe,para a Universidad de Puerto Rico. Esta tarefa foi avaliada pelos críticos como a melhor tradução da obra do autor.

Após isso, em 1962 lança Historias de Cronopios y famas. No ano seguinte visitou Cuba pela primeira vez e foi a época de intensificação do seu fascínio pela política. Em novembro de 1970 viajou ao Chile, onde se solidarizou com o governo de Salvador Allende. Posteriormente,em meados de1971, foi execrado por Fidel Castro, assim como outros escritores, por pedir informações sobre o desaparecimento do poeta Heberto Padilla. Em 1973, recebeu o Prêmio Médicis por sua obra “Livro de Manuel” e destinou seus direitos para ajuda aos presos políticos na Argentina. No ano seguinte, foi membro do Tribunal Bertrand Russell II, reunido em Roma para analisar a situação política na América Latina, em particular as transgressões dos Direitos Humanos.

Já em 1976, percorreu a Costa Rica, onde se encontrou com Sergio Ramírez e Ernesto Cardenal, e fez uma viagem clandestina até Solentiname, no Nicarágua. Esta viagem o marcaria para sempre e seria o começo de muitas visitas a este país.Carol Dunlop, sua última esposa, faleceu em 02 de novembro de 1982, e Cortázar teve um profundo desalento. Em 1983, retorna a democracia na Argentina, sendo a sua última viagem a sua pátria, onde foi recebido calorosamente por seus simpatizantes, que o paravam na rua e lhe pediam autógrafos, em arroste com a indiferença das autoridades nacionais. Após visitar seus amigos, retornou a Paris. Pouco depois lhe foi concedida a nacionalidade francesa.

Faleceu de leucemia em 1984, e foi sepultado no Cemitério do Montparnasse, no mesmo jazigo de Carol. Em seu sepulcro se ergue a imagem de um “cronópio”, personagem criado pelo escritor.

O argentino é avaliado como um dos autores mais inovadores e notáveis de seu tempo, mentor do conto curto e da prosa poética, comparado a Jorge Luis Borges e Edgar Allan Poe. Foi o instituidor de novelas que implantaram uma nova forma de fazer literatura na América Latina, irrompendo os moldes clássicos mediante narrações que fogem da linearidade passageira e onde os personagens contraem autonomia e sagacidade psicológica inéditas.

Suas poesias, romances e contos permanecem seduzindo leitores aos montes. Entre as obras de destaque estão “Rayuela” (Jogo da amarelinha) publicada em 1963, onde se podia ler seguindo a sequência dos capítulos ou então de uma forma salteada, adotando um tabuleiro no início do livro e ainda Histórias de cronópios e de famas, Octaedro, Papéis inesperados, Bestiário e Divertimento.

“Siempre fuiste mi espejo, quiero decir que para verme tenía que mirarte.” (Bolero/Julio Cotázar)

Gracias por todo y hasta pronto mis amigos.

23 de junho de 2018 – ​Suelen Kukul Bracho

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CULTURA LATINA

UNIDOS APENAS APÓS A MORTE

Nas obras de reforma da capela na igreja de San Pedro de Teruel (Espanha), foram descobertas duas múmias enterradas juntas e com elas um antigo documento onde se narrava sua melancólica história. Foi este o início de uma das lendas mais romanescas da tradição espanhola, a lenda de “Los amantes de Teruel” (os amantes de Teruel).

A nossa narrativa teve seu princípio no ano de 1217, em Teruel, uma cidade situada na região de Aragão na Espanha, capital da arte “mudéjar” (arte espanhola com influência árabe),a qual foi reconhecida pela UNESCO como patrimônio da humanidade. Os protagonistas foram dois jovens que pouco a pouco descobriram que a amizade que os unia desde a infância, se demudaria em um sentimento muito maior e mais forte, o amor. Todavia, como em muitos dramas literários sua paixão foi interrompida por suas condições sociais. Ela, Isabel de Segura pertencia a uma das famílias mais abastadas da cidade, por outro lado Juan Diego Martínez de Marcilla era tão somente o segundo filho de uma miserável família. Quando Juan Diego pediu a mão de Isabel a seu pai o mesmo o baniu,expondo que ele não tinha as riquezas que sua filha merecia. Entretanto, a obstinação de Isabel fez com que Dom Pedro, seu pai mudasse de ideia e o mesmo concedeu um prazo de cinco anos para que Juan Diego juntasse o dinheiro necessário para o casamento. Sendo ele jovem, foi para a guerra enquanto o pai de Isabel se empenhava em arrumar a ela um casamento apropriado.

Faltando apenas uns dias para finalizar o prazo, ele a persuadiu a casar-se com Dom Pedro Fernandez de Azagra. Porventura quis o destino que no dia da cerimônia, também fosse o dia do retorno de Juan Diego.

Ao saber do casamento da amada, em desespero ele foi até a igreja e pediu a ela um beijo de despedida. Por já estar casada, ela negou o pedido e Juan Diego com o coração roto de tristeza e desilusão caiu morto a seus pés. No dia seguinte foi celebrado o seu enterro na igreja de San Pedro.

Isabel não conseguiu suportar o dano que causou a seu amado e foi a cerimônia para ficar ao seu lado. Ao chegar encostou seus lábios junto aos dele, e o casal não voltou a separa-se pois ela havia abandonando a vida após o último ósculo. A cidade comovida a história decidiu enterrá-los juntos .

Muitos versos, peças teatrais, óperas, músicas, esculturas e quadros vem tentando captar a essência dessa grande história de amor que tem invadido os corações de tantas pessoas desde meados do século XVI. A maior representação desta história de amor, que foi criada para honrar o casal de apaixonados é uma escultura criada por Juan de Ávalos (1911-2006), nela se concebe as figuras de Isabel e Juan Diego, com as cabeças inclinadas ligeiramente uma em direção a outra, com a mão esquerda dela estendida a ele, sem tocá-lo como símbolo do amor impossível. Abaixo destas esculturas repousam seus restos mortais, em duas caixas de treliça trabalhada em alabastro.

Do mesmo modo, a cidade que os viu nascer celebra a “Bodas de Isabel Segura” anualmente. Nessas comemorações, a população volta para o século XIII trajando vestes medievais e participando de exposições teatrais do drama.A música do mesmo modo os lembra. O compositor de Salamanca Tomás Bretón (1850-1923) destinou uma ópera a eles em quatro atos que foi principiada em Madrid em 1889. Por fim, a literatura quis homenagear sua reminiscência com múltiplas peças que descrevem a narrativa dos amantes. Entre os mais famosos estão “Os amantes de Teruel”, de Juan Eugenio Hartzenbusch (1806-1880), que concluiu seu trabalho com a despedida de Isabel, sintetizando tudo que era sua vida: “O céu que nos separa na vida nos unirá no túmulo “.

Gracias mis amigos y hasta luego…

31 de maio de 2018 – ​Suelen Kukul Bracho

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Frida Kahlo: la hija de la revolución

(Frida Kahlo: a filha da revolução.)

Uma das personagens mais marcantes da história mexicana, Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón foi revolucionária, patriota e comunista. Sua vida foi repleta de superações e sofrimentos que eram refletidos em sua arte.

Uma das pintoras mais prestigiadas do mercado internacional da arte, começou a pintar para aliviar a dor.

Frida nasceu em 1907 no mês de julho, em Coyocán no México, filha de Matilde Calderón y Gonzalez e do fotógrafo Guilhermo Kahlo.

Sempre foi apaixonada pela história do México, isso demonstrava na sua arte e em seu vestuário. Em 1913, Frida contagiou-se com poliomielite, a primeira de uma série de doenças que sofreu na vida. Acidentes, lesões e operações também fizeram parte de sua história. A poliomielite como sequela deixou um de seus pés atrofiado e uma perna mais fina que a outra, por isso ganhou o apelido de Frida pata de palo (Frida perna de pau).

Passou então a usar calças, e posteriormente longas e exóticas saias, que se tornaram uma de suas marcas. Entretanto o fato que mudaria para sempre sua vida ocorreu aos 17 de setembro de 1925, na época em que estudava na Escola Preparatória Nacional, ao retornar para casa após o término das aulas, sofreu um grave acidente. O bonde, no qual trafegava, colidiu com um trem. O para choques de um dos veículos perfurou suas costas, e atravessou a pélvis, ocasionando uma grave hemorragia. Frida permaneceu muitos meses entre a vida e a morte no hospital, foi operada diversas vezes e teve que usar coletes ortopédicos, de múltiplos materiais.

Durante a sua longa recuperação, começou a pintar, usando uma caixa de tintas de seu pai, um cavalete adaptado e um espelho sobre sua cama. Sua primeira obra foi um autorretrato dedicado ao seu noivo Alejandro, que havia lhe abandonado, após o acidente.

Após dois anos de seu acidente Frida levou uma de suas obras a um famoso pintor que conhecera na época em que frequentava a escola Preparatória Nacional. Seu nome era Diego Rivera. Esse encontro resultou na paixão de ambos e na revelação de uma grande artista. Com seus 22 anos, em agosto de 1929 Frida e Diego (então com 43 anos) se uniram em matrimônio. Tiveram uma relação muito tumultuada, eles tinham o gênio forte, ela era bissexual e ambos tiveram casos extraconjugais. Durante o casamento, embora tenha engravidado mais de uma vez, sofreu abortos e por esse motivo nunca teve filhos. Após muitas traições do marido, Frida acaba flagrando sua irmã e Diego na cama, diante do fato em um ato de exaltação, vai até seu espelho e corta os seus longos e negros cabelos.

Posteriormente a essa outra tragédia em sua vida, separa-se dele e vive novos amores com homens e mulheres… no ano de 1936, Frida realizou novas cirurgias no pé, ainda sofria com um problema de úlcera, anorexia e dores na coluna. Conquanto, no ano seguinte conheceu Leon Trotski, que foi abrigar-se – se juntamente com sua esposa Natália Sedova, em sua casa em Coyocán. Não muito tempo depois Frida torna-se amante de Trotski, um de seus mais famosos casos de amor. Algum tempo depois conheceu o escritor e famoso teórico do surrealismo André Breton, que a apresentou a Julian Levy o qual era dono de uma galeria de arte em Nova York; Frida então teve sua carreira como pintora alavancada. Levy organizou sua primeira exposição individual, a qual foi um grande sucesso, e logo a mexicana estava expondo suas obras em Paris, onde conheceu renomados pintores como: Max Ernest, Picasso, Marcel Duchamp entre outros. Kahlo foi a primeira mexicana a expor seu trabalho no Museu do Louvre em Paris, contudo apenas um ano antes de sua morte, conseguiu realizar a sua tão sonhada exposição na Cidade do México.

Em 1940 une-se novamente a Rivera, e o segundo casamento deles foi tão tempestuoso quanto o primeiro, marcado por muitas brigas. Uma curiosidade é que ao voltar para Diego, ela ergueu uma casa idêntica a dele, ao lado da que eles tinham vivido. Essa casa era ligada por uma ponte e eles viviam como marido e mulher, todavia sem morarem sob o mesmo teto, se encontrando nas madrugadas. Depois da morte de seu pai, Frida e o marido mudaram – se para a “Casa Azul”, onde atualmente é um museu em sua homenagem, que ganhou a retrospectiva de suas obras com fotografias, vestidos, livros, desenhos e muitos outros objetos. Entre os anos de 1942 e 1950, a lutadora Frida é obrigada a fazer algumas cirurgias, e passou um longo período no hospital, tendo até que usar uma cadeira de rodas. Um ano antes de sua morte teve uma gangrena na perna, o que levou a uma cirurgia na qual teve a mesma amputada na altura do joelho. Porém mesmo em sua frágil condição Frida em uma cadeira de rodas foi participar de uma manifestação contra a interdição norte americana na Guatemala, em 1954.

No mesmo ano em 13 de julho a pintora foi encontrada sem vida em seu leito. A declaração oficial foi de que ela teria tido uma embolia pulmonar, porém muitos não descartam a possibilidade de suicídio, pois a última frase de seu diário foi: “Espero a partida com alegria… espero nunca mais voltar”.

Essa guerreira audaz teceu um elo imperecedouro entre obra e vida, com o acoplamento de suas tintas e seu sangue.

   “Eu nunca pinto sonhos ou pesadelos. Pinto minha própria realidade”

Frida Kahlo

Gracias muchachos, un fuerte abrazo y hasta…

27 de fevereiro de 2014 – ​Suelen Kukul Bracho

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