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O novo Rádio esportivo

Sábado, 28 de agosto de 2021 uma data que entra para a história da radiofonia local. Nesse dia aconteceu a estreia da Associação Atlética Iguaçu , na segunda divisão do campeonato paranaense de futebol. O jogo foi em Prudentópolis, mas o que me chamou muito a atenção foi a cobertura das rádios locais.
Longe do padrão tradicional de outras épocas, a transmissão, tanto da rádio Educadora Uniguaçu, quanto da CBN, apresentou ao ouvinte a nova cara das jornadas esportivas, coma estreia dos bons e competentes narradores Reginaldo Kaschuck e André Zanetti.
Com a despedida prematura do icônico Juarez Marcondes, o antigo padrão de transmissão, mais romântico e formal, pautado por bordões e frases de impacto, foi aos poucos substituído, pela narração inovadora, seguindo padrões nacionais e que associam as “jornadas” a mídia digital, redes sociais e agilidade instantânea na informação.
No final dos anos 70, início da década de 1980, esse padrão, aqui nas gêmeas, tinha em Milton Martins, Airton e Orlei Maltauro, entre outros, seus adeptos e difusores. O padrão seguia uma linha, ou escola do Rio Grande, tendo as rádios Gaúcha e Guaíba como referência. Nesse período eram ídolos os mestres Armindo Antônio Ranzolin, Haroldo de Souza, Wianey Carlet, Pedro Ernesto Denardin.
Lógico que tínhamosa influência das emissoras de São Paulo e Rio de Janeiro. Hoje nem temos mais o tradicional prefixo AM 1.100 da poderosa Rádio Globo de São Paulo, onde Osmar Santos reinou por tantos anos. Outros ícones da época marcaram presença, Fiori Gicliotti, José Silvério, Dirceu Maravilha. No Rio de Janeiro José Carlos Araújo(o garotinho), Luiz Penido, o velho e bom Apolinho entre tantos outros que me fogem a memória e que ainda se mantem fazendo sucesso e estando a Super Rádio Tupy, bravamente, no ar.
Justo se faz incluir nessa breve e incompleta relação, a poderosa Rádio Clube Paranaense, a B2, de Curitiba, que sempre teve ótimos narradores e o melhor plantão esportivo do Paraná, quiçá do Brasil, o “professor” Oldemar Kramer. A rádio Clube Paranaense era muito forte, com o saudoso Lombardi Jr, Capitão Hidalgo, Sidnei Campos, Lourival Barão entre tantas outras feras. Aliás, recentemente nossa Vara do Trabalho, aqui de União da Vitória, teve um Juiz titular chamado Lourival Barão Filho. Quando li o seu primeiro despacho em processo que eu estava atuando, corri até seu gabinete para expressar minha admiração pelo seu pai, grande e destacado Coxa Branca. Me decepcionei, pensei encontrar mais um torcedor. Vossa Excelência se declarou atleticano. Mas lembrou de passagens, quando criança ainda, e, seu pai o levava para transmissões esportivas. Tinha na memória algumas cabines de rádio.
Os jogos do Iguaçu na década de 1980 tinham essa roupagem nas transmissões. Bordões, formalidade, “vinhetas” padronizadas, pouca piada. Era tudo muito sério, não se admitia muitas tiradas hilárias. O inovador Airton Maltauro, à época, procurava dar um toque de humor, mas sempre era contido pelo Osmair Schoroh (“The Boss”), que levava as transmissões com um padrão rigoroso, inclusive técnico. Tudo funcionava como um relógio, apesar de todas as dificuldades tecnológicas. Os jogos eram transmitidos via ligação telefônica, da extinta Telepar. Naquela “fase de ouro” eu ainda muito jovem, fazia às vezes de repórter de campo. Sempre digo que tive a melhor profissão do mundo na minha adolescência. Conheci a grande maioria dos estádios do Paraná. O Airton criava apelido pra todo mundo. Eu era o repórter da geração “pão pão”, uma alusão a novela de sucesso em 1983 (Pão Pão, Beijo Beijo).
Recentemente, o então jovem, Ricardo Silveira, ainda sob a tutela de J. Marcondes inovou nas transmissões e colocou nova roupagem nas “jornadas”. Seguindo padrão mais moderno, a narração ficou mais leve e descontraída. Atualmente o “Cowboy” (apelido de Ricardo, por obra de Marcondes) está em Ponta Grossa e deve transmitir em breve jogos do Operário. Sinal que é competente.
Mas, voltando pra transmissão que me referi no início, tanto André quanto Reginaldo se mostraram bons comunicadores e sabem o que fazem . André tem o peso da grife do sobrenome Zanetti. Seu pai Waldir foi um dos “monstros” da história recente da Radiofonia local. Zanetti é da escola dos anos 70/80, “vozeirão”, seriedade e formalidade.
Os tempos mudam, as transmissões também. Não existe mais a “cadeia” de emissoras, e o “plantão” esportivo, que era o árduo trabalho da rádio escuta, que acompanhava as transmissões de outras rádios, para informar os resultados, foi substituído pela “central”. Nem vinheta existe mais para o “plantão esportivo”. Os tempos mudaram, se modernizaram, mas o mais importante disso tudo é que o rádio não perdeu a sua magia e emoção. Não importa a forma de comunicação, mas sim como ela é feita, e bem feita, no caso do André e Reginaldo, que vão estabelecer com certeza absoluta, um bom embate pela audiência e ter a responsabilidade de escrever mais algumas páginas nessa história maravilhosa do rádio local. Avante rapaziada.
Vou encerrar a coluna de hoje, homenageando todos os radialistas (data comemorada dia 21/09) e por extensão aos que gostam de rádio, copiando as palavras do Mauro Beting, filho do saudoso Joelmir, um dos mestres do Rádio Brasileiro, que esta semana publicou e tão bem definiu esse que é o mais popular meio de comunicação: “É um sonho que parece impossível e te faz viajar. Leva gente, coisas, histórias e vidas sem destino certo. Dizem que está ultrapassado. Mas quando está no ar todo mundo faz questão de parar para sentir mais do que ver e ouvir. Até por nenhum outro veículo sentir como ele. Outros são para ver. Outros são para saber. Ele é diferente. Sim, meio antiquado, mas prefiro romântico. Meio devagar, mesmo sendo mais veloz que a palavra falada. É isso. É um veículo de palavra. Ele a sustenta mais que a escrita. Ele está no ar”.

25 de setembro de 2021 – Carlos Alberto Senkiv

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Atenção tutores de animais

Atenção tutores de animais, em especial de cachorros. A coluna de hoje interessa diretamente a vocês, mas também aos motociclistas, notadamente os profissionais conhecidos como moto boys. Quem ainda não se sentiu ameaçado com a presença de cães, sejam eles de rua ou mesmo de algum amigo ou conhecido. Acredito que alguém que está lendo esta coluna agora tenha uma experiência pra contar com cachorro agressivo. O ordenamento jurídico nacional, começa a formar entendimentos bem fundamentados com algumas situações corriqueiras e que acabam causando algum dano. Exemplo de hoje trata especificamente de um acidente, envolvendo um motociclista e um cão.
A 29ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve, em parte, decisão da Vara Única de Colina que condenou empresa e tutores de um cachorro a indenizar motociclista que se envolveu em acidente causado pelo animal. A reparação por danos morais foi reduzida para R$ 30 mil, sendo afastado ressarcimento por danos estéticos. Também foi fixada indenização por danos morais, na modalidade lucros cessantes, consistente na diferença entre o valor pago ao autor pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e sua média salarial. Segundo os autos, o cão escapou do local onde residia – uma fábrica de propriedade dos réus – e foi na direção do motociclista, provocando acidente.
O relator do recurso, desembargador Carlos Henrique Miguel Trevisan, salientou que o conjunto probatório revelou, de maneira induvidosa, que o cão envolvido era de propriedade dos réus, informação ratificada pelas testemunhas dos próprios requeridos, seus funcionários. “A responsabilização do dono por dano causado por animal é objetiva e puramente formal, não importando se o dono teve ou não culpa, se mantinha ou não o bicho sob vigilância e guarda. Basta, para sua responsabilização, que o animal tenha causado dano a outrem”, escreveu.
Na decisão, o magistrado destacou que a prova pericial apontou que o autor não é portador de dano estético e que sua incapacidade, inclusive laboral, é total, mas não permanente. A respeito da quantia devida a título de lucros cessantes, Carlos Henrique Miguel Trevisan apontou que deve corresponder à diferença entre o salário mensal que o autor recebia na data do fato e o valor do auxílio-doença, evitando-se, assim, o enriquecimento sem causa.
Completaram a turma julgadora os desembargadores Neto Barbosa Ferreira e Silvia Rocha. A decisão foi unânime.

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A.A. Iguaçu, o que deuerrado esse ano?

A temporada de 2024, foi decepcionante. De forma antecipada, estamos fora das semifinais e ainda corremos risco de rebaixamento para série C, a terceira divisão do futebol paranaense.
Esse ano foi bem planejado. A diretoria anunciou ainda em 2023, o técnico Rafael Andrade, professor de educação física, experiente e com alguns acessos na sua carreira. Jovem e estudioso, Rafael começou a trabalhar já em janeiro deste ano, junto com dois auxiliares. A tarefa básica? Montar o elenco de atletas. Para isso contaram até com recursos tecnológicos, aplicativos e outras plataformas digitais.
O time começou a ser montado, dentro das pretensões técnicas e das possibilidades financeiras do clube. Acompanhei de perto esse processo. O Campeonato começou no primeiro final de semana do mês de maio, mas já com antecedência nosso elenco de atletas estava definido e treinando. Jogos treinos foram feitos com times de qualidade, fortes, como Operário de Ponta Grossa e Concórdia. Os resultados pouco importaram naquele momento, mas sim o rendimento do nosso time. Esse sim empolgou. A expectativa era grande. As vésperas da estreia, a mobilização de torcida, imprensa e sociedade de modo geral era grande. Houve pompa no anúncio dos jogadores, apresentação de patrocinadores e uniformes novos. O dia e a hora estavam marcados: 05 de maio, 16 horas, o adversário não poderia ser melhor, o Apucarana, time que não estava cotado como favorito, torcida empolgada com a possibilidade de começar bem o campeonato, quem sabe com uma boa e motivadora goleada. Já próximo das 18 horas, daquele domingo, 05, a penumbra do nosso outono, se misturava com a perplexidade de um desastroso 2×1, vitória do adversário. A torcida incrédula, sem saber se apoiava ou protestava, foi pra casa infeliz. Depois dessa inesperada e desastrosa partida, a campanha foi irregular, com poucos lampejos de bom futebol. A torcida fez a sua parte, mantendo excelente média de público nas arquibancadas do Antiocho Pereira.
Mas não deu certo, alguma coisa não deu certo dentro do campo, ou quem sabe nos vestiários do time. A derrota vexatória, 4×1 para o Nacional de Campo Mourão extrapolou o limite da paciência da torcida, que viu em sua própria casa o time ser eliminado das pretensões de ir a semifinal e ainda por cima ser empurrado para as últimas posições do certame.
Um diretor chegou a afirmar: “ano passado a diretoria ajudou a montar o elenco, esse ano demos total autonomia para o técnico, e agora o que vocês querem? ”
Tá aí uma boa pergunta. O que será que deve ser feito com o Iguaçu?
Este ano tivemos uma concorrência, podemos dizer desleal pelo aspecto financeiro. Paraná Clube, mesmo falido, conseguiu colocar mais de 50 mil pessoas em seus dois primeiros jogos. Rio Branco com alto investimento de empresário da bola. Paranavaí virou SAF, tendo o cantor Gustavo Lima seu maior investidor, da mesma forma Foz do Iguaçu, adquirido pelo ex-zagueiro Edmilson. Outro ex-zagueiro, igualmente da seleção brasileira, Henrique, comprou o Nacional, Patriotas, que também é um time gerido de forma empresarial, tem um patrocinador máster (aquele que banca tudo). Laranja Mecânica é time formador, bem organizado.
Restou o Iguaçu, tido como o primo pobre dessa turma. Mas como nossa camisa é tradicional e a torcida fanática, alimentamos a esperança e a expectativa de uma campanha que pudesse surpreender os favoritos. No final deu a lógica financeira.
A diretoria fez a sua parte. Trabalhou na organização, planejamento, deu condições ao técnico de montar seu elenco, pagou em dia suas contas e, principalmente, salários dos jogadores e funcionários.
Quando aquele diretor pergunta: “querem que faça o que? ”, talvez ano que vem ou esse ano mesmo, o Iguaçu deva se voltar para a organização das categorias de base. Enquanto estávamos levando de 4×1 do Nacional, nossos pequenos iguaçuanos eram goleados de forma igualmente vexatória, por 10, 11 e até 12 a zero, no campeonato varzeano, talvez porque ainda não temos categorias de base formadas na AAI e sim as ultrapassadas “escolinhas”.
Agora temos que convocar a torcida, concentrar esforços e buscar resultados positivos pra permanecer na segunda divisão, foi o que restou.
“Futebol não é alienação nem nada: é lazer, que faz parte da vida. O homem precisa – para viver – de casa, comida, roupa que são indispensáveis ao ser humano. Para manter essas coisas, precisa de trabalho. Para viver, precisa de lazer. Precisa caminhar, passear, namorar, se divertir e tudo o mais. O futebol é um lazer que tem uma expressão de arte, como o tênis” (João Saldanha)
Será que esse tema será abordado de forma clara e transparente nos debates eleitorais desse ano? Vamos acompanhar. .

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OMS divulga relatório

Quem acompanha a coluna sabe que tenho abordado, com certa constância, alguns assuntos ligados a legislação esportiva, notadamente, quanto a administração dos municípios. Não se pode admitir que, atualmente, não tenhamos projetos para efetiva legislação e políticas públicas para o desenvolvimento do esporte, com prioridade para o amador e escolar, em atendimento ao disposto no artigo 217 da Constituição Federal.

Não é nenhuma novidade, que também as secretarias de esportes dos municípios devem atuar como pilar fundamental na melhoria de qualidade de vida da população, com atividades voltadas para este fim.
Tudo isso depende de planejamento e atuação em estudos científicos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um novo relatório com informações sobre a relação do sedentarismo com algumas doenças, e como os governos estão implementando recomendações para aumentar a atividade física em todas as faixas etárias.
O documento “Status Global sobre Atividade Física 2022” apresenta dados de 194 países e alerta que, entre 2020 e 2030, cerca de 500 milhões de pessoas desenvolverão doenças cardíacas, obesidade, diabetes ou outras doenças não transmissíveis devido à inatividade física. Se os governos não tomarem medidas urgentes para incentivar a população a fazer mais exercícios, esse custo será de US$ 27 bilhões.
Segundo o relatório, o progresso tem sido lento. Os governos precisam acelerar o desenvolvimento e a implementação de políticas para aumentar os níveis de atividade física a fim de prevenir doenças e reduzir a carga sobre os sistemas de saúde já sobrecarregados.
Menos de 50% dos países têm uma política nacional de atividade física, e menos de 40% estão operacionais. Apenas 30% das nações têm diretrizes nacionais de atividade física para todas as faixas etárias.
Embora muitos países tenham relatado um sistema para monitorar a atividade física em adultos, 75% dos países fazem o mesmo em adolescentes e menos de 30% em crianças menores de cinco anos.
Nas áreas de políticas para incentivar o transporte ativo e sustentável, apenas pouco mais de 40% das nações têm padrões de projeto de estradas que tornam a caminhada e o ciclismo mais seguros.
O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, espera que os países e parceiros usem o relatório “para construir sociedades mais ativas, saudáveis e justas para todos”. Para ele, é preciso ampliar a implementação de políticas para apoiar as pessoas a serem mais ativas por meio de caminhadas, ciclismo, esportes e outras atividades físicas.
A tendência é que a população busque por meios de conservar suas habilidades físico-motoras, demandando a atenção de profissionais qualificados.
Com isso, o mercado de trabalho para profissionais da área de Educação Física e Fisioterapia estará aquecido com muitas possibilidades de atuação.
Será que esse tema será abordado de forma clara e transparente nos debates eleitorais desse ano? Vamos acompanhar. .

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