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NOTAS DISSONANTES

Olhando para 2021

Olá, eu sou o Guilherme Takezo, vocalista e guitarrista de uma banda chamada Ledbeder (se não conhece dá uma ouvida no Youtube, começa pela música chamada Boreal). Esse é o último texto do ano desta humilde coluna chamada Notas Dissonantes. Eu estava pensando sobre o que escrever e o mais óbvio seria fazer uma retrospectiva sobre o que rolou no mundo da música em 2021. Então vou comentar alguns dos lançamentos que eu mais curti neste ano, que foi no mínimo complicado para todos nós…
Vou começar com o último álbum do Foo Fighters, o Medicine At Midnight. Esse é o décimo disco de estúdio da banda e foi lançado em fevereiro deste ano. O álbum mostra um som que mistura o rock tradicional da banda com elementos de dance rock e em algumas faixas um som mais agressivo. Um exemplo de faixa mais agressiva é a No Son Of Mine. Na saída do refrão, Dave Grohl grita algumas vezes a frase “no son of mine” com o riff de guitarra principal da música enquanto Taylor Hawkins bate sem dó na bateria, caindo em um riff novo de guitarra que acaba sendo a entrada perfeita para o solo da música. Vale a pena conferir esse som. Cloud spotter com certeza é outra música que vale a pena demais ouvir, ela começa com um riff contagiante e em seguida é acompanhado por uma levada de bateria que deixa a música com uma pegada mais dançante. A música tem um refrão animal e o vocal do Dave gritando “Bang, Bang, Bang” realmente me agrada! Uma sugestão minha: escute essas duas músicas com o volume alto que eu acho difícil alguma parte do seu corpo não acompanhar o som. Pra fechar os comentários desse disco, vou sugerir a música Chasing Birds. Ela é uma balada com uma vibe muito boa, eu diria até que ela tem uma vibe bem dreaming, um som muito agradável de ouvir. Eu ouvi muito este disco esse ano.
Outra banda que eu gosto muito que lançou um disco novo este ano foi o Kings Of Leon. Eles lançaram em março o When You See Yourself. É o oitavo disco de estúdio da banda. O disco não tem nenhum single memorável como Use Somebody, Sex on Fire ou Pyro, mas mesmo assim foi um disco que me agradou. As últimas faixas do disco têm uma vibe bem lenta e pra baixo. A música Fairy tale tem um vocal com um eco exagerado pela música inteira que acompanha um violão de fundo e uma linha de baixo simples, porém agradável na saída do refrão. A linha vocal desse refrão ficou na minha cabeça por muito tempo. Outra música que segue este mesmo molde é a Claire & Eddie. Uma música bem tranquila com violão de fundo e uma linha vocal no refrão que eu curti demais. Uma faixa que tem uma pegada que lembra um som mais antigo da banda é a Echoing. Já no primeiro verso você entende que isso é Kings of Leon pelo vocal característico da banda e uma guitarra base bem marcada. Em sequência ela cai em um refrão que remete demais aos sons dos discos anteriores.
Agora vou falar de um lançamento nacional. A banda em questão é a Terno Rei. Terno Rei é uma banda de indie rock de São Paulo. Esse ano eles lançaram um single que eu escutei muito, um cover da música Lilás de Djavan. Eles conseguiram colocar uma atmosfera muito boa na música com os sintetizadores bem estilo anos 80. O vocal do Ale Sater casou demais com essa melodia e cresceu ainda mais no refrão com os backing vocals. É impressionante como eles conseguiram passar bem a vibe da banda para essa música.
Esse próximo lançamento que vou comentar também é um single. É a última música lançada pelo Sticky Fingers, até agora. Eles lançaram o single Crooked Eyes agora em dezembro. Curti muito esse som desde a primeira vez que ouvi, a música tem uma pegada bem tranquila com uma guitarra solo que toca pela música inteira acompanhando o vocal de Dylan Frost. Falando em vocal, o timbre desse cara é sensacional, é um vocal aveludado muito bom de ouvir e é perfeito para a atmosfera dessa música.
Por questão de espaço, com certeza muita coisa acabou ficando de fora. Mas esses foram alguns dos discos e músicas que eu mais ouvi em 2021. Se você ainda não conhece esses sons vale a pena dar uma chance, sentar bem tranquilo no sofá, ligar o som em um volume que seja levemente desagradável para os seus vizinhos e dar uma primeira ouvida nessas sugestões de músicas que eu humildemente lhes comentei. No demais, feliz Natal e feliz ano novo para todos nós, meus caros amigos. Nos vemos ano que vem!

23 de dezembro de 2021 – Guilherme Takezo

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Djavan: Entre Acordes e Poesia

Ei, Takezo aqui! Este mês, vamos desviar um pouco das guitarras distorcidas e amplificadores valvulados para mergulhar na suavidade e profundidade de Djavan, um dos maiores nomes da música brasileira. Se você acha que é só rock que faz o coração bater mais forte, prepare-se para repensar essa ideia. Djavan é a prova viva de que a música não precisa de rótulos; ela só precisa tocar a alma.

Djavan nasceu em Maceió, em 1949, é um mestre na arte de transformar emoções em melodias. Com uma carreira que se estende por mais de quatro décadas, ele se estabeleceu como um dos artistas mais versáteis e inovadores do Brasil. O cara consegue misturar MPB, jazz, samba, bossa nova e até elementos do pop com uma naturalidade que faz a gente se perguntar como não pensaram nisso antes.
Mas o que faz Djavan ser tão especial? A resposta está no equilíbrio perfeito entre poesia e melodia. As letras dele são verdadeiras obras de arte, onde cada palavra é escolhida a dedo para criar uma vibe única. Em canções como “Sina”, “Oceano” e “Flor de Lis”, Djavan nos leva para um passeio pelas paisagens de suas emoções, onde o mar, o céu e a natureza são metáforas para as complexidades do amor e da vida. E é impossível não se deixar levar pelas melodias que ele cria, cheias de acordes inusitados e harmonias sofisticadas, que são a marca registrada de seu estilo. Esses dias tirei um tempo para estudar algumas músicas dele, e cara, fiquei espantado como as sequências de acordes são lindas e complexas, como as letras são belas e profundas, como tudo na música se encaixa perfeitamente.
E se a gente acha que o rock é o único gênero que sabe improvisar, Djavan vem e mostra que a música brasileira também tem suas jams. O cara tem uma habilidade incrível para criar variações melódicas e harmônicas que surpreendem até os ouvidos mais experientes. É como se ele estivesse sempre em busca de novas formas de expressar as mesmas emoções, e cada vez que ele tenta, acerta em cheio. Além de ser um ótimo cantor e compositor, Djavan também é um grande instrumentista. Sua habilidade no violão é algo que merece destaque, com uma técnica refinada que equilibra a delicadeza e a complexidade. Ele faz parecer fácil o que é, na verdade, extremamente difícil: criar arranjos que soam simples, mas que são repletos de nuances e detalhes.
E não dá para falar de Djavan sem mencionar a importância dele para a música brasileira e para a cultura do país. Suas canções têm um apelo universal, mas nunca perdem a essência brasileira. Ele conseguiu mandar a música do Brasil para o mundo, sem abrir mão de sua identidade. Djavan é aquele artista que consegue dialogar com diferentes gerações, passando sua arte de forma atemporal.
Em resumo, Djavan é um verdadeiro mestre dos sons e das palavras. Ele nos ensina que a música não precisa ser barulhenta para ser poderosa, e que a suavidade pode ser tão impactante quanto o mais estridente dos solos de guitarra. Então, mesmo que o rock seja a nossa praia, este mês vamos tirar o chapéu para Djavan, um artista que continua a enriquecer a nossa cultura e a nos mostrar que a música brasileira tem um lugar especial no cenário mundial. Se você ainda não deu uma chance para Djavan, talvez seja a hora de apertar o play e deixar que as ondas sonoras te levem para lugares onde só a música pode chegar.

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Shoegaze: introspecção,barulho e beleza

Ei, Takezo aqui! Vamos falar de shoegaze, aquele estilo de rock que, mesmo se você nunca ouviu falar pelo nome, provavelmente já sentiu algumas sensações que este estilo nos passa. Esse gênero nasceu lá pelo final dos anos 80 e início dos anos 90 no Reino Unido. Imagine uma galera de cabelos desgrenhados, olhos baixos, e pedais de efeitos. Isso é o shoegaze: uma mistura de introspecção, barulho e beleza.

O shoegaze surgiu como uma resposta ao punk e ao pós-punk, misturando guitarras distorcidas com uma pegada mais atmosférica. A ideia era criar um som tão denso que você quase podia tocar. Um dos primeiros a apontar o caminho foi o The Jesus and Mary Chain, com o álbum “Psychocandy” (1985), que abriu as portas para essa vibe mais etérea e cheia de feedback.
Mas o shoegaze realmente ganhou força com bandas como My Bloody Valentine, Slowdive e Ride. Esses caras pegavam suas guitarras, enchiam de efeitos como reverb e delay, e criavam um som que era mais sobre sentir do que ouvir. O vocal muitas vezes era mais um instrumento, misturado na música, quase sussurrando no ouvido.

Apesar de ter tido uma explosão relativamente curta, o shoegaze deixou uma marca profunda na música. A maneira como essas bandas manipulavam o som influenciou uma gama enorme de gêneros. Eles trouxeram uma nova abordagem para a produção musical, focando mais na textura e na atmosfera do que nas estruturas tradicionais de canção.
Muitas bandas foram inspiradas por essa pegada mais sensorial do som. Você pode ver a influência do shoegaze no dream pop, no noise pop, e até no indie rock. O legado do shoegaze está na maneira como abriu espaço para a experimentação sonora, encorajando músicos a brincarem com os limites do que é possível fazer com uma guitarra e alguns pedais.

Quando se fala em shoegaze, é impossível não mencionar o My Bloody Valentine. O álbum “Loveless” (1991) é um marco. Kevin Shields, o gênio por trás da banda, passou anos aperfeiçoando aquele som único e avassalador. É o tipo de álbum que você coloca e se perde dentro dele.
Outra banda fundamental é o Slowdive. Eles criaram algumas das músicas mais bonitas e etéreas do gênero. Álbuns como “Just for a Day” (1991) e “Souvlaki” (1993) são pura poesia sonora. O Ride também merece destaque, especialmente com o álbum “Nowhere” (1990), que misturava melodias doces com uma parede de som distorcida.

O shoegaze nunca morreu de verdade. Depois de um período de hibernação, ele ressurgiu com força. Bandas como DIIV, Nothing e Whirr pegaram a tocha e mantiveram o espírito vivo, trazendo o shoegaze para uma nova geração.
Além disso, muitas das bandas originais do shoegaze voltaram à ativa. O Slowdive, por exemplo, lançou um álbum homônimo em 2017 depois de um longo hiato, e foi um sucesso. O My Bloody Valentine também voltou com “m b v” em 2013, mostrando que ainda tinha muito a dizer.

O shoegaze é mais do que um estilo de música; é uma experiência sensorial. É sobre se perder nas camadas de som, deixar-se envolver pelas guitarras distorcidas e pelos vocais etéreos. Ele continua a influenciar e inspirar, mostrando que, mesmo depois de décadas, ainda tem um lugar especial no coração dos amantes da música.
Se você ainda não mergulhou nesse mar sonoro, pegue seus fones de ouvido, deite-se no sofá e deixe o shoegaze te levar. Prometo que vai valer a pena.

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Kurt Cobain

Ei, Takezo aqui! Vocês conseguem acreditar que já se passaram 30 anos desde que o mundo perdeu um dos ícones mais marcantes da música? É isso mesmo, estamos falando sobre Kurt Cobain, o cara que revolucionou o mundo do rock e deixou uma marca inigualável em nossos corações e mentes. Me lembro como se fosse ontem quando ouvi pela primeira vez aquela guitarra distorcida de “Smells Like Teen Spirit”. Foi como uma explosão no mundo da música. Kurt, com sua voz rouca e letras profundas, trouxe uma nova energia ao rock’n’roll. Ele não só falava para uma geração, mas para várias, e suas músicas ressoam até os dias de hoje. O impacto de Kurt Cobain vai muito além de suas músicas. Ele personificou uma geração inteira. Sua atitude antissistema e sua sinceridade brutal inspiraram milhões de jovens a encontrar suas próprias vozes e expressar suas próprias verdades, não importando o quão sombrias ou controversas pudessem ser.
Mas, infelizmente, Kurt também nos deixou cedo demais. Sua morte trágica aos 27 anos deixou um vazio no mundo da música que nunca será preenchido. No entanto, seu legado continua mais forte do que nunca. Suas músicas continuam a tocar nas rádios, suas camisetas continuam a ser usadas por fãs de todas as idades e sua influência continua a ser sentida em bandas que surgem a cada dia. Uma das coisas mais marcantes sobre Kurt Cobain foi sua autenticidade. Ele nunca tentou ser algo que não era. Ele não tinha medo de mostrar suas fraquezas, suas lutas e suas imperfeições. E é isso que o torna tão amado e admirado até hoje. Ele era um dos nossos, alguém com quem podíamos nos identificar, alguém que entendia nossas dores e nossos anseios. Além disso, Kurt foi um verdadeiro artista. Suas letras eram poesias brutais que tocavam a alma. Ele conseguia expressar emoções complexas de uma forma que poucos conseguem. Sua música era como uma terapia para muitos de nós, um lembrete de que não estamos sozinhos em nossas lutas.
Mas não podemos falar sobre Kurt Cobain sem mencionar o impacto do Nirvana como um todo. A banda não só ajudou a definir uma era, mas também abriu as portas para uma nova onda de música alternativa. Eles mostraram ao mundo que o rock ainda tinha muito a oferecer e que não precisava se conformar com as normas estabelecidas pela indústria. É difícil dizer o que Kurt estaria fazendo hoje se ainda estivesse entre nós. Talvez estivesse liderando uma nova revolução musical, talvez estivesse aproveitando sua aposentadoria em algum lugar tranquilo, longe dos holofotes. Mas uma coisa é certa: ele nunca será esquecido.
Então, enquanto falamos sobre os 30 anos da morte de Kurt Cobain, vamos lembrar não apenas da sua música, mas também do homem por trás dela. Vamos lembrar do seu sorriso tímido, do seu cabelo bagunçado e do seu espírito indomável. Vamos lembrar do legado que ele deixou para trás e do impacto que ele teve em nossas vidas. Kurt Cobain pode ter partido, mas sua música viverá para sempre. E isso, meus amigos, é algo verdadeiramente especial.

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