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NOTAS DISSONANTES

Rock nacional e vinis usados

Olá, eu sou o Guilherme Takezo, vocalista, guitarrista e compositor, e esse é o primeiro texto para a coluna Notas Dissonantes deste ano. Para este primeiro texto, vamos conversar um pouco sobre o rock nacional. Estou ouvindo muito rock nacional nos últimos tempos, músicas desde os anos 80 até os tempos atuais (que está mais na cena underground mesmo). Esse é um bom ponto para comentar, antigamente o rock tinha mais destaque no país, bandas como RPM, Titãs e Os Paralamas do Sucesso estavam bombando nos anos 80 e hoje o rock está quase que completamente sobrevivendo na cena underground, com bandas como Terno Rei, Menores Atos, Fresno, sendo esta última uma banda gigante. O Lucas (vocalista da Fresno) entende demais como trabalhar nesse mercado, mas isso fica para uma conversa de outro dia.
Das bandas dos anos 80, a que eu mais ouvi nesses últimos dias foram os Titãs. Titãs é uma banda que andou por várias vertentes do rock, passando por pop rock, punk rock, new wave e até um pouco de grunge nos anos 90 com o disco Titanomaquia, que é um dos mais pesados deles. Eles são uma banda que conseguiu lançar várias músicas de sucesso, como Pra Dizer Adeus, Enquanto Houver Sol, A Melhor Banda dos Últimos Tempos Da Última Semana e Epitáfio (que é uma das minhas preferidas), isso só para citar algumas. Fora isso, tem o disco clássico, o Cabeça Dinossauro, que tem uma pegada post-punk que, se você não conhece, vale a pena dar uma ouvida. Comprei esse disco em vinil no final do ano passado, e ouvir esse som com o estalinho característico dos vinis é sensacional. O único ponto ruim dessa compra foi que comprei usado, pela internet, e alguma alma abençoada desenhou “dentinhos” no cara que está na capa. Precisava disso? Sério mesmo? (risos) Se eu pudesse, colocava uma foto aqui para vocês verem essa “obra de arte”. Falando da capa, ela é um desenho feito por Leonardo da Vinci, ficou sensacional e dá um ar intrigante para o disco.
Outra banda que estou ouvindo bastante é dos dias de hoje. Já comentei sobre ela nesse texto, é o Terno Rei. Eles são uma banda de indie rock com uma pegada dream pop. O disco que você precisa ouvir deles é o Violeta, que foi lançado em 2019, e, é muito bom. As músicas têm um clima mais triste, com um andamento mais tranquilo, e é cheio de sintetizador, o que deixa tudo com uma vibe bem anos 80. Se ainda não conhece esse som, dê uma chance para as músicas Medo, Solidão de Volta e Dia Lindo. Também acabei comprando o vinil, mas esse comprei zerado e lacrado, então não tive o mesmo problema do Cabeça Dinossauro.
Uma banda que tenho ouvido também é a Menores Atos, de São Paulo.O estilo é mais hard core com músicas mais pesadas, mas bem melódicas. Eles estão para lançar um EP e já soltaram 3 músicas desse material. Gostei muito da música Aquário e a Breu. Estou ansioso para ouvir o EP completo. Em 2018, eles lançaram um disco que me agradou muito, o Lapso. Tem um som pesado com vocais melódicos e letras tristes. Ouvi muito esse disco. Algumas músicas que sugiro você ouvir se ainda não conhece são Karate, Miopia e Devagar.
Para terminar, vou fugir um pouco do assunto. Só para deixar registrado minha indignação com os desenhos em capas de vinil. Isso é bem comum, ainda mais porque hoje a saída é comprar discos usados por causa do preço. Os novos são, extremamente, caros, então comprando os usados é normal virem com esses belos desenhos na capa. Um que me deixa bem de cara, na real não é um desenho, é uma dedicatória na capa do álbum branco dos Beatles que eu comprei. Na dedicatória a pessoa pede desculpa para quem estava sendo presenteado com esse disco dizendo que o álbum não é tão bom, mas foi o que deu para comprar… cara, sério mesmo? Pois é, é isso mesmo meus amigos. Triste demais. Pior que toda vez que vou ouvir o álbum branco em vinil tenho que olhar para essa proeza.
Então é isso, espero que vocês gostem das minhas indicações e que desperte em vocês a vontade de investir em vinil e valorizar mais o rock nacional.

25 de fevereiro de 2022 – Guilherme Takezo

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Djavan: Entre Acordes e Poesia

Ei, Takezo aqui! Este mês, vamos desviar um pouco das guitarras distorcidas e amplificadores valvulados para mergulhar na suavidade e profundidade de Djavan, um dos maiores nomes da música brasileira. Se você acha que é só rock que faz o coração bater mais forte, prepare-se para repensar essa ideia. Djavan é a prova viva de que a música não precisa de rótulos; ela só precisa tocar a alma.

Djavan nasceu em Maceió, em 1949, é um mestre na arte de transformar emoções em melodias. Com uma carreira que se estende por mais de quatro décadas, ele se estabeleceu como um dos artistas mais versáteis e inovadores do Brasil. O cara consegue misturar MPB, jazz, samba, bossa nova e até elementos do pop com uma naturalidade que faz a gente se perguntar como não pensaram nisso antes.
Mas o que faz Djavan ser tão especial? A resposta está no equilíbrio perfeito entre poesia e melodia. As letras dele são verdadeiras obras de arte, onde cada palavra é escolhida a dedo para criar uma vibe única. Em canções como “Sina”, “Oceano” e “Flor de Lis”, Djavan nos leva para um passeio pelas paisagens de suas emoções, onde o mar, o céu e a natureza são metáforas para as complexidades do amor e da vida. E é impossível não se deixar levar pelas melodias que ele cria, cheias de acordes inusitados e harmonias sofisticadas, que são a marca registrada de seu estilo. Esses dias tirei um tempo para estudar algumas músicas dele, e cara, fiquei espantado como as sequências de acordes são lindas e complexas, como as letras são belas e profundas, como tudo na música se encaixa perfeitamente.
E se a gente acha que o rock é o único gênero que sabe improvisar, Djavan vem e mostra que a música brasileira também tem suas jams. O cara tem uma habilidade incrível para criar variações melódicas e harmônicas que surpreendem até os ouvidos mais experientes. É como se ele estivesse sempre em busca de novas formas de expressar as mesmas emoções, e cada vez que ele tenta, acerta em cheio. Além de ser um ótimo cantor e compositor, Djavan também é um grande instrumentista. Sua habilidade no violão é algo que merece destaque, com uma técnica refinada que equilibra a delicadeza e a complexidade. Ele faz parecer fácil o que é, na verdade, extremamente difícil: criar arranjos que soam simples, mas que são repletos de nuances e detalhes.
E não dá para falar de Djavan sem mencionar a importância dele para a música brasileira e para a cultura do país. Suas canções têm um apelo universal, mas nunca perdem a essência brasileira. Ele conseguiu mandar a música do Brasil para o mundo, sem abrir mão de sua identidade. Djavan é aquele artista que consegue dialogar com diferentes gerações, passando sua arte de forma atemporal.
Em resumo, Djavan é um verdadeiro mestre dos sons e das palavras. Ele nos ensina que a música não precisa ser barulhenta para ser poderosa, e que a suavidade pode ser tão impactante quanto o mais estridente dos solos de guitarra. Então, mesmo que o rock seja a nossa praia, este mês vamos tirar o chapéu para Djavan, um artista que continua a enriquecer a nossa cultura e a nos mostrar que a música brasileira tem um lugar especial no cenário mundial. Se você ainda não deu uma chance para Djavan, talvez seja a hora de apertar o play e deixar que as ondas sonoras te levem para lugares onde só a música pode chegar.

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Shoegaze: introspecção,barulho e beleza

Ei, Takezo aqui! Vamos falar de shoegaze, aquele estilo de rock que, mesmo se você nunca ouviu falar pelo nome, provavelmente já sentiu algumas sensações que este estilo nos passa. Esse gênero nasceu lá pelo final dos anos 80 e início dos anos 90 no Reino Unido. Imagine uma galera de cabelos desgrenhados, olhos baixos, e pedais de efeitos. Isso é o shoegaze: uma mistura de introspecção, barulho e beleza.

O shoegaze surgiu como uma resposta ao punk e ao pós-punk, misturando guitarras distorcidas com uma pegada mais atmosférica. A ideia era criar um som tão denso que você quase podia tocar. Um dos primeiros a apontar o caminho foi o The Jesus and Mary Chain, com o álbum “Psychocandy” (1985), que abriu as portas para essa vibe mais etérea e cheia de feedback.
Mas o shoegaze realmente ganhou força com bandas como My Bloody Valentine, Slowdive e Ride. Esses caras pegavam suas guitarras, enchiam de efeitos como reverb e delay, e criavam um som que era mais sobre sentir do que ouvir. O vocal muitas vezes era mais um instrumento, misturado na música, quase sussurrando no ouvido.

Apesar de ter tido uma explosão relativamente curta, o shoegaze deixou uma marca profunda na música. A maneira como essas bandas manipulavam o som influenciou uma gama enorme de gêneros. Eles trouxeram uma nova abordagem para a produção musical, focando mais na textura e na atmosfera do que nas estruturas tradicionais de canção.
Muitas bandas foram inspiradas por essa pegada mais sensorial do som. Você pode ver a influência do shoegaze no dream pop, no noise pop, e até no indie rock. O legado do shoegaze está na maneira como abriu espaço para a experimentação sonora, encorajando músicos a brincarem com os limites do que é possível fazer com uma guitarra e alguns pedais.

Quando se fala em shoegaze, é impossível não mencionar o My Bloody Valentine. O álbum “Loveless” (1991) é um marco. Kevin Shields, o gênio por trás da banda, passou anos aperfeiçoando aquele som único e avassalador. É o tipo de álbum que você coloca e se perde dentro dele.
Outra banda fundamental é o Slowdive. Eles criaram algumas das músicas mais bonitas e etéreas do gênero. Álbuns como “Just for a Day” (1991) e “Souvlaki” (1993) são pura poesia sonora. O Ride também merece destaque, especialmente com o álbum “Nowhere” (1990), que misturava melodias doces com uma parede de som distorcida.

O shoegaze nunca morreu de verdade. Depois de um período de hibernação, ele ressurgiu com força. Bandas como DIIV, Nothing e Whirr pegaram a tocha e mantiveram o espírito vivo, trazendo o shoegaze para uma nova geração.
Além disso, muitas das bandas originais do shoegaze voltaram à ativa. O Slowdive, por exemplo, lançou um álbum homônimo em 2017 depois de um longo hiato, e foi um sucesso. O My Bloody Valentine também voltou com “m b v” em 2013, mostrando que ainda tinha muito a dizer.

O shoegaze é mais do que um estilo de música; é uma experiência sensorial. É sobre se perder nas camadas de som, deixar-se envolver pelas guitarras distorcidas e pelos vocais etéreos. Ele continua a influenciar e inspirar, mostrando que, mesmo depois de décadas, ainda tem um lugar especial no coração dos amantes da música.
Se você ainda não mergulhou nesse mar sonoro, pegue seus fones de ouvido, deite-se no sofá e deixe o shoegaze te levar. Prometo que vai valer a pena.

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Kurt Cobain

Ei, Takezo aqui! Vocês conseguem acreditar que já se passaram 30 anos desde que o mundo perdeu um dos ícones mais marcantes da música? É isso mesmo, estamos falando sobre Kurt Cobain, o cara que revolucionou o mundo do rock e deixou uma marca inigualável em nossos corações e mentes. Me lembro como se fosse ontem quando ouvi pela primeira vez aquela guitarra distorcida de “Smells Like Teen Spirit”. Foi como uma explosão no mundo da música. Kurt, com sua voz rouca e letras profundas, trouxe uma nova energia ao rock’n’roll. Ele não só falava para uma geração, mas para várias, e suas músicas ressoam até os dias de hoje. O impacto de Kurt Cobain vai muito além de suas músicas. Ele personificou uma geração inteira. Sua atitude antissistema e sua sinceridade brutal inspiraram milhões de jovens a encontrar suas próprias vozes e expressar suas próprias verdades, não importando o quão sombrias ou controversas pudessem ser.
Mas, infelizmente, Kurt também nos deixou cedo demais. Sua morte trágica aos 27 anos deixou um vazio no mundo da música que nunca será preenchido. No entanto, seu legado continua mais forte do que nunca. Suas músicas continuam a tocar nas rádios, suas camisetas continuam a ser usadas por fãs de todas as idades e sua influência continua a ser sentida em bandas que surgem a cada dia. Uma das coisas mais marcantes sobre Kurt Cobain foi sua autenticidade. Ele nunca tentou ser algo que não era. Ele não tinha medo de mostrar suas fraquezas, suas lutas e suas imperfeições. E é isso que o torna tão amado e admirado até hoje. Ele era um dos nossos, alguém com quem podíamos nos identificar, alguém que entendia nossas dores e nossos anseios. Além disso, Kurt foi um verdadeiro artista. Suas letras eram poesias brutais que tocavam a alma. Ele conseguia expressar emoções complexas de uma forma que poucos conseguem. Sua música era como uma terapia para muitos de nós, um lembrete de que não estamos sozinhos em nossas lutas.
Mas não podemos falar sobre Kurt Cobain sem mencionar o impacto do Nirvana como um todo. A banda não só ajudou a definir uma era, mas também abriu as portas para uma nova onda de música alternativa. Eles mostraram ao mundo que o rock ainda tinha muito a oferecer e que não precisava se conformar com as normas estabelecidas pela indústria. É difícil dizer o que Kurt estaria fazendo hoje se ainda estivesse entre nós. Talvez estivesse liderando uma nova revolução musical, talvez estivesse aproveitando sua aposentadoria em algum lugar tranquilo, longe dos holofotes. Mas uma coisa é certa: ele nunca será esquecido.
Então, enquanto falamos sobre os 30 anos da morte de Kurt Cobain, vamos lembrar não apenas da sua música, mas também do homem por trás dela. Vamos lembrar do seu sorriso tímido, do seu cabelo bagunçado e do seu espírito indomável. Vamos lembrar do legado que ele deixou para trás e do impacto que ele teve em nossas vidas. Kurt Cobain pode ter partido, mas sua música viverá para sempre. E isso, meus amigos, é algo verdadeiramente especial.

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