Conecte-se conosco

NACO DE PROSA

A carta que nunca chegou

Tarde cinza, vento forte fazia os galhos das árvores dançarem no jardim. Eu precisava finalizar a mudança que começara há dois anos, naquele dia estava decidida a isso.
Sentei-me no chão frio do quarto, a última caixa findaria “ a saga da mudança”. O estilete seguia a linha no meio da caixa de papelão, cortando a fita, abri as abas da caixa.
Fotos, cadernos, rascunhos, canetas e memórias pulavam dela o tempo todo, a cada foto que eu pegava. Em cada papel fotográfico, um cheiro, uma saudade, ou uma dúvida.
Fotos fazem tantas coisas em nossas almas, embaralham nossos pensamentos e nos levam para tempos que, às vezes, não queremos revisitar, porém nosso inconsciente (ou consciente), não nos permite jogar aquele pedaço do tempo, no lixo.
Fui esvaziando a caixa, e enchendo a minha mente, no fundo, um pedaço de papel amarelo, dobrado três vezes. Abri.
Era uma carta datada de 1962. O que me causou uma certa estranheza, foi a escrita, não a reconheci como de ninguém próximo a mim. Ajeitei um pouco o corpo, recostando minhas costas na cama para ler.
“Minha querida Laura…”,
Com certeza não era de ninguém da minha família ou círculo próximo.
“… hoje não foi um dia fácil pois, estar longe de você é intolerável. Eu poderia esperar para lhe dizer tudo pessoalmente, porém, tenho a sensação de que isso, não será possível. No primeiro porto, providenciarei o envio desta carta. Talvez consiga com o Milton, da loja de penhores, sempre muito prestativo e atencioso com a nossa história, com o nosso amor. Sei da desaprovação da sua família, jamais quiseram o nosso amor. Meus pensamentos, assim como as lágrimas rolam de saudade. Tenha a certeza de, que podem me mandar para o outro lado do mundo, eu acharei uma forma de sempre chegar até você.
Sempre seu,
Estácio.
25/08/1962”.
Uau, foi o que saiu ao finalizar a carta. É claro que meus pensamentos voaram para 1984, no meio do mar, aquele infinito, um homem solitário, um papel e uma caneta. Um porto, um amigo confidente, um amor proibido, um romance digno de streaming. Eu queria saber mais, queria saber se Laura e Estácio ficaram juntos para concretizar o amor, se foi Milton quem entregou a carta para ela. Mas não sabia nem por onde começar, ou melhor… talvez eu soubesse sim.
A caixa eu lembrava, havia pego em uma pequena mercearia, na minha antiga cidade. Talvez de lá saíssem mais respostas.
Olhei no relógio, já passavam das cinco horas da tarde. Se eu saísse naquele instante, chegaria naquela mesma noite. Guardei a carta na bolsa, troquei de roupa e saí. Eram quase dez horas da noite quando cheguei ao portal da minha cidade. Um suspiro me fez lembrar que nada havia mudado em muitos anos, um dos motivos que me fez ir embora. O mais irônico, é que sou uma mulher ligada às novidades, tecnologias e estava justamente voltando ao passado com uma das formas mais antigas de comunicação: a carta.
Antes de ir ao hotel, eu precisava ter a certeza, de que, o mercadinho ainda existia, por mais que eu soubesse que sim, precisava constatar. Lá estava ele, “La Barca Mercearia”. A mesma fachada, a mesma vitrine, com certeza os mesmos donos. Naquela hora, a cidade já dormia. Saí do carro, fui até a porta, bati no vidro. Esperei alguns minutos, e lá estava o senhor Gusmão, proprietário da loja, apertando os olhos por detrás das grossas lentes dos seus óculos para tentar reconhecer, quem batia àquela hora.
Eu disse: -Sou eu, senhor Gusmão, a Andréa. Como vai?
Sorriu e virou a chave abrindo a porta.

  • Quanto tempo menina! Estou bem e você? O que faz a essa hora, está de volta?
  • Na verdade, só quero esclarecer uma dúvida.
  • Entre, o que você precisa?
  • Encontrei esta carta em uma caixa que o senhor me deu, no dia da minha mudança. O senhor a reconhece?
    Seus olhos marejados, leram cada linha.
  • Então estava com você?
  • Eu a coloquei na caixa, deveria ter sumido com ela, mas não consegui. Vi a caixa vazia, e a deixei ali, até resolver o que fazer. Quando você entrou pedindo caixas, achei que era um sinal, e não pensei duas vezes. Pelo menos esta porcaria iria para longe e, nunca mais eu teria remorso ao ler estas linhas.
  • Desculpe, não estou entendendo nada.
    Ele respirou fundo, passou as mãos no rosto e balbuciou algo, que eu simplesmente não entendi.
  • Não escutei senhor Gusmão, o que o senhor disse?
  • Eu sou o Milton.
  • O Milton da loja de penhores?
  • Sim, o Milton da loja de penhores, o Milton amigo, o Milton confidente e o Milton que destruiu duas vidas, três, na verdade.
  • Mas como… o seu nome… o seu sobrenome. Nunca me atentei a isso, nunca soubemos o seu nome.
  • Quando eu cheguei aqui, estava disposto a apagar tudo. Mas esta carta era uma triste sentença. Laura estava prometida a um outro homem, família importante, sobrenome, fatos que a gente acha que só existem em filmes. Quando eu conheci Estácio, ele me apresentou Laura apenas falando dela para mim. Dia após dia, me apaixonei por ela. Ele viajava muito, muitos meses longe, e eu fui me aproximando dela, me passando por Estácio, nas cartas. Ele as mandava para que eu as entregasse. Eu abria, lia e treinava a caligrafia. Mudava algumas palavras, as que eu queria dizer para ela, dobrava em três partes, como ele fazia. Foram anos e anos, por migalha de um amor que nem era para mim. Esta carta, foi a última notícia que eu tive dele. Eu não estava na loja quando ele a deixou, abri e li, senti como uma despedida. Isso significava que era o fim para mim também, e esta carta nunca chegou até ela. E nenhuma outra chegou até a minha loja. Não sei se o mar o levou em definitivo, ou se ele está por aí, vagando sem destino pensando nela. Por minha causa, esta carta nunca chegou, ela nunca teve mais notícias dele, e decidiu assumir o acordo que os pais haviam feito. Tempos depois ela estava casada, com filhos e indo embora para outro país. Nessa história toda perdi um amigo e um amor. Abandonei tudo e vim para cá. Mas o passado veio junto.
  • O senhor não teve mais notícias dela?
  • Nunca mais.
  • Senhor Gusmão, encerre essa história. Mande a carta para ela.
  • Não posso.
  • O senhor deve isso a eles.
    Um silêncio gritante dominou o ambiente.
    Ela foi para Cremona, Itália.
  • É a sua história, o senhor precisa dar um ponto final.
  • Não preciso, não vou. A vergonha não me permite. Por favor, vá embora.
    Antes de sair, guardei a carta. Na vidraça, o reflexo de um homem arrasado pelo seu passado. Aquela história não era minha. O ponto final não poderia ser dado por mim. Entrei no carro, tudo aquilo não me permitiria dormir. Passei no posto, abasteci, liguei o carro, dobrei a esquina e segui rumo à minha cidade, deixando o passado onde deveria ficar. Às vezes, algumas histórias, não precisam de um ponto final, pelo simples fato de que, talvez, elas nunca tenham. Abri a janela e, antes de pegar a rodovia, a carta voou da minha mão e foi para longe. Mais uma vez.

Continue Lendo
Clique para comentar

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

NACO DE PROSA

Sílvio Santos, o homem que inventou o domingo em família

Nesta manhã de sábado, o sabor do café da manhã ficou amargo.
Simplesmente algo mudou, como se os olhos já não enxergassem mais o colorido de uma manhã de sol e céu azul.
Notícias chegando a todo momento, tanto no celular quanto nos canais televisivos.
Sabemos, é claro, que todos que chegam nesta terra, um dia dela se vão.
Mas Silvio Santos era diferenciado. Era aquele cara estilo Elvis Presley, que até hoje muitos juram “que não morreu”.
Mas aí vem uma notícia que ele se foi, aos 93 anos, após duas internações consecutivas.
E os olhos param no ar, como se não entendesse muito bem o que está sendo dito.
Os mesmos olhos que acompanharam por tardes e mais tardes de domingo os programas apresentados por ele.
Há algum tempo Silvio Santos já não aparecia mais com tanta frequência em público, há algum tempo ele já vinha preparando sua filha, Patrícia, para “assumir” seu lugar na rede.
Mas ele ainda estava por aqui, e nós, na ansiedade de que a qualquer momento ele poderia voltar.
Na verdade, em uma de suas idas ao seu amigo e cabeleireiro, Jassa, ainda no início desse ano, ele externava essa vontade de assumir novamente seu espaço no SBT.
Mas os planos ficaram para trás.
Meu saudoso pai tinha um armazém aqui no bairro São Pedro, antigo bairro Tócus. E um belo dia ele apareceu com uma TV.
Foi a sensação do bairro. Muitas pessoas vinham ao armazém para assistir a muitos programas.
A gente acabava se tornando uma grande família, assistindo a novelas, programas, futebol então, esse parava o bairro.
Exageros à parte, Silvio Santos era um dos mais concorridos, lembro de que, quando mudávamos o canal, e tirávamos o programa do Silvio para agradar a todos os fregueses, alguns iam embora.
Bons tempos, amizades, papos, em volta da TV, em volta do programa que Silvio Santos apresentava.
E como era divertido, como ele conseguia nos animar e nos fazer sentir em casa, como se amigos de longa data fôssemos.
Uma de suas filhas, em recente entrevista, disse que ele sacrificava um pouco sua presença em família para estar junto às outras, milhares de famílias que o admiravam. Era de nós que ela falava, pois Silvio Santos foi isso, abdicou da sua família por muitas vezes para ficar conosco, para nos alegrar, para nos apresentar o seu “lá, lá, lá, lá”, que se eternizou entre pianos e guitarras em uma justa homenagem.
Um visionário que criou o domingo em família. O dia se tornou, inclusive, a macarronada no almoço, Ayrton Senna na corrida, e Silvio Santos animando a tarde e à noite.
Hoje as corridas não têm mais aquele friozinho na barriga e a emoção como quando era Ayrton Senna, as macarronadas deram espaço para lanches ou um prato de comida requentada comida às pressas, pois o tempo parece ter encurtado, e o nosso animador, nosso querido Silvio, a música que nos animava, deu espaço ao silêncio.
O seu legado continua, vai reverberar por anos, mas não é a mesma coisa, pois Silvio Santos nos remete a um tempo que não existe mais, que nunca mais voltará, e nem trará momentos, ou pessoas que amamos, e era com essas pessoas que nos reunimos para assistir ao Silvio.
Ele foi grande, gigante, homenagens nacionais e internacionais, e sempre tão generoso, escolheu por morrer em um sábado, pois ele sabia, que os domingos foram feitos para serem alegres, e ele não ia querer tirar isso da gente, do povo que ele tanto amava e respeitava como empresário e apresentador.
E lá se vai mais uma grande estrela desse país, juntar-se à Hebe, ao Jô, à Nair, à Nicete e Paulo, a Ayrton, a Chico, a milhares e milhares de artistas ícones em nosso país, nas mais diversas áreas, e que tinham um peso enorme, eram esculpidos, e que, tenho certeza, não haverá outros como eles.
Do lado de cá fica a saudade, aplausos ao mestre da comunicação Silvio Santos!

Continue Lendo

NACO DE PROSA

Uma volta ao passado

A convite da Afati-Faculdade da Terceira Idade da Unespar, em parceria com Sesc, fiz uma viagem a Curitiba, onde está acontecendo a exposição Tutankamon, no Shopping Estação. Em dois pisos com um espaço de sete salas repletas de história do grande faraó, Tutankamon.

A emoção que senti é imensurável, talvez por gostar muito da cultura egípcia, principalmente do Antigo Egito, com fatos ainda hoje, ocultos, que nos chamam a atenção. Por isso, fiz questão de escrever um pouco sobre o que senti estando inserida na história do Faraó Tutankamon e, fazendo uma exploração do Antigo Egito, por meio de um metaverso interativo e imersivo.
Na interação com o que eu via, não há palavras para explicar a euforia do momento, e percebi que a exaltação era geral, todos os participantes demonstravam grande animação.
São sete salas, incluindo uma de projeção mapeada em 4K, que proporciona uma jornada única aos segredos ocultos de mais de 3.500 anos.
Das sete salas cada uma nos reservava grandes conhecimentos de uma civilização de 3.000 anos.
Na primeira sala, fomos recebidos por uma atmosfera de mistério e encanto. Onde fomos levados a um portal no tempo, ali, a grandiosidade da civilização egípcia se revela de forma cativante. Fantástico! Oferecendo-nos um vislumbre, do mundo do jovem faraó.
Na segunda sala, nos vimos dentro do cofre do tesouro, mergulhamos em uma atmosfera de descoberta. A combinação meticulosa de réplicas fieis, transporta-nos para o cotidiano do Antigo Egito. Objetos do dia a dia ganham vida, revelando a riqueza e a complexidade da cultura egípcia, proporcionando uma viagem sensorial e educativa.
Na terceira sala, acontece um passeio imersivo pelos segredos do Antigo Egito.
É uma jornada visual, deslumbrante através de seis partes essenciais da história egípcia. Com uma das maiores projeções imersivas em 4K, transforma os 140 m² em um portal temporal. A exclamação de todos, que ali estavam: UAU!! Fomos envolvidos por cores vibrantes, narrativas fascinantes e a majestade da tumba de Tutankamon.
A sala de número quatro, mostra-nos o caminho para a eternidade. Onde a atmosfera é de reverência e descoberta histórica. Reproduções em escala real dos artefatos descobertos na tumba, revelam detalhes impressionantes sobre o processo de mumificação e os rituais funerários.
Neste instante fomos transportados para o centro da descoberta arqueológica, que mudou o curso da egiptologia.
A sala número cinco, nos mostra o reflexo da alma, onde a conexão com a mitologia egípcia passa a ser concreta, emocionante e extremamente interessante.
Há ainda a cabine fotográfica, que nos mergulha, na noção da vida após a morte, conectando-nos à ideia de nossas almas em um submundo misterioso e místico.
A inteligência artificial revela uma visão pessoal da alma egípcia, de cada visitante, integrando-nos ao legado espiritual do Antigo Egito. Eu consegui fazer este mergulho por cinco vezes, cinco versões minhas, de noção da vida após a morte e, trouxe comigo, como presente. Maravilhoso!
Na sala seis, a viagem ao submundo, uma experiência, que se torna uma jornada intensa e sensorial.
O filme de realidade virtual permitiu-me sentir na própria pele e alma de Tutankamon, atravessando o submundo em uma viagem de desafios e julgamentos. Senti-me com medo, mas gostaria de continuar por lá, há muito mistério para ser, quem sabe entendido, por cada um de nós.
Na sala sete, o Vale dos Reis 1922
Este espaço revolucionário redefine os limites da tecnologia de realidade virtual, oferecendo-nos acesso a um metaverso de altíssima tecnologia.
Ao entrarmos nesta sala, deixamos para trás as fronteiras do presente, e somos instantaneamente mergulhados em um mundo novo e fascinante, fantástico!
Com óculos de realidade virtual, de última geração, somos transportados para uma visão envolvente, em primeira pessoa dos momentos cruciais da descoberta arqueológica mais emblemática da história.
“A tecnologia avançada proporciona uma experiência sensorial sem precedentes no país, permitindo que cada participante não apenas veja, mas sinta a emoção pulsante e o entusiasmo arrebatador que os arqueólogos experienciaram ao desvendar os enigmas do Antigo Egito. ”
Uma exposição para muitas reflexões.

“Tutankamon, uma experiência imersiva” é uma colaboração de prestígio internacional, unindo as mentes criativas da Layers Of Reality, MAD, Som Produce e Stardust International, em parceria com as empresas brasileiras Apple Produções e Bem Comunicação Integrada. Honrada com três prêmios Telly Awards, incluindo dois prêmios de ouro e um de prata, que reconhecem sua inovação excepcional nos novos formatos audiovisuais. Os Telly Awards representam um dos mais respeitados prêmios internacionais no campo do audiovisual e estão celebrando sua 44ª edição neste ano. ”

Continue Lendo

NACO DE PROSA

Outorga da Comenda Pinhão do Vale

Neste ano, a ALVI, Academia de Letras do Vale do Iguaçu, completa 24 anos tendo sempre a responsabilidade de zelar pela língua portuguesa e como principal função promover a preservação da língua e da literatura do Brasil. A ALVI foi fundada no dia 30 de maio de 2000.

No dia 29 de maio de 2024, o auditório da UNESPAR, em União da Vitória, foi palco de uma significativa Sessão Solene de outorga da Comenda Pinhão do Vale, sob a presidência do acadêmico Raulino Bortolini.
A Comenda Pinhão do Vale foi uma iniciativa do acadêmico Odilon Muncinelli, e seu design foi desenvolvido pelo artista plástico Pedro Girardello Neto.
Com o propósito de ser como uma lâmpada acesa, com sua luz brilhando para deixar sempre viva nossa história, a entrega da Comenda Pinhão do Vale teve como objetivo o dever do reconhecimento, cuja melhor maneira de dizer a quem a recebe é: -Agradecemos muito pelo que fez; será eterno em nossa memória, pela pessoa lutadora e guerreira que é, que age com o pulso forte de um gigante, e ao mesmo tempo com a doçura de uma criança.
É um título distintivo de honra, oferecido às pessoas que se destacam por ajudar a engrandecer a sociedade, seja por trabalhos ou influências sociais. Trata-se de distinção rara, que confere ao que a detém, ou seja, ao comendador, um título de honra e alto grau de prestígio social.
Neste ano, foi concedido o título de comenda a quatro personalidades das nossas cidades.
Cada homenageado teve a indicação de um acadêmico da ALVI.
Iniciando a noite, a acadêmica Karim Siebeneicher Brito fez a homenagem ao Dr. Caio Ricardo Bona Moreira. Professor, Doutor Caio Ricardo Bona Moreira nasceu em Porto União, Santa Catarina. Filho de Ana Maria Bona e de Luís Carlos Moreira. Caio é professor e escritor, Doutor em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina. Graduou-se em Letras –Português e Inglês pela FAFIUV, hoje UNESPAR e leciona também aqui, no campus de União da Vitória da Universidade Estadual do Paraná.
Dono de um sorriso amável e um doce olhar, parecendo ainda um menino, conquista a atenção das pessoas; e ao falar surpreende pelo seu saber, pela sua experiência.
Porém sua prioridade está em ser um educador. Apesar de se esforçar em publicar e participar de eventos culturais e literários, concentra-se primeiramente na educação, no seu trabalho como professor, que é também um trabalho de mediação cultural.
Desenvolveu uma coleção de livros artesanais intitulada Therezinha Cartonera, reunindo a produção inédita de vários poetas e contistas locais, sendo que desses livros foram distribuídas gratuitamente mais de duas mil cartoneras.
Uma das cópias encontra-se hoje na maior biblioteca de literatura infantil e juvenil do mundo, que se encontra na cidade de Munique, na Alemanha.
Na sequência, a acadêmica Marli Terezinha Andrucho Boldori fez a apresentação do Doutor Charles Ronald Van Santen.
No dia quinze de setembro de 1975, em Carambeí, no Paraná, nasce o filho mais novo, de seis irmãos, do Senhor Leonardo Van Santen e de Dona Marion Gehrmann Van Santen.
Houve um dia para ser estudante de Agronomia, talvez despreocupado; mas houve outro dia, com certeza, um dia para ser médico. Charles Ronald cursou por dois anos Agronomia na Universidade Estadual de Ponta Grossa. Desistiu, graças a Deus, pois com certeza, Deus o orientou melhor. Teríamos, sem dúvida, um excelente agrônomo, mas estaríamos sem o médico oncologista cuja paixão se reflete em vidas que salva, em vidas que consola, em vidas que ampara. Formado em Medicina em 2001 pela Universidade Federal do Paraná, com diversos cursos e especializações na área de mastologia.
Doutor Charles faz arte; arte de cuidar, de tocar, de ouvir, de aliviar, de curar. Por isso, é um poeta que transforma sintomas em estrofes de cura, criando versos que ecoam na eternidade. Gratidão por suas poesias médicas!
Em seguida, Jair da Silva recebeu a homenagem do acadêmico Padre Emílio Bortolini. Conhecido como “Craque Kiko”, nasceu no dia 28 de agosto de 1955, filho de José Acir da Silva e Lourdes Crestani da Silva. Teve um início de vida difícil, entrou no jogo com chuteiras velhas e surradas que causavam dores físicas aos seus pés. Aguentou zombarias de colegas que machucavam seu coração, porém nunca baixava a cabeça. Teve diversos trabalhos no campo profissional passando do humilde início como dolezeiro, engraxate, jornaleiro, office-boy, para escriturário, chefe de RH, e uma experiência enriquecedora no exército, como Cabo.
Formou-se em Contabilidade, Eletromecânica, Matemática, Geografia e pelos concursos passados com louvor.
Dedica-se, doando seu tempo na valorização e divulgação do futebol amador, ou seja, aquele feito por amor e não por dinheiro.
No campo literário, mostrou sua capacidade e tornou-se um prolífico escritor, com onze livros já publicados. Atualmente, Jair é cronista esportivo e responsável pela coluna “Coisas da Bola”, no jornal Caiçara, onde escreve suas histórias, crônicas e resenhas memorialistas. Fotógrafo por paixão.
A acadêmica Therezinha Leony Wollf fez a apresentação da Senhora Maria Luiza Dissenha Jacobs.
Maria Luiza nasceu em Mandirituba, Paraná, no dia 06 de março de 1932. Filha do senhor João Dissenha e senhora Maria Disolina Secchi Dissenha.
Concluiu seus estudos no Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Curitiba.
O sonho de Maria Luiza, desde cedo, foi o de oferecer um lugar apropriado e bem estruturado para dar conforto às pessoas idosas. Seu sonho concretizou-se com a construção do Lar de Nazaré. Uma associação beneficente sem fins econômicos, fundada em 01 de julho de 1980, com a finalidade de prestar atendimento, em regime de longa permanência, às pessoas idosas, de ambos os sexos, proporcionando-lhes residência, alimentação, vestuário, assistência médica, psicossocial, farmacêutica, fisioterapêutica e religiosa. A casa Lar de Nazaré foi inaugurada em 1986.
Foi uma noite memorável, que com certeza ficará em nossas memórias. Parabéns!

Continue Lendo