É tempo de celebrar o Natal. Todos os anos, a festa de Natal, nos ajuda a lembrar que Jesus “está no meio de nós”. Neste sentido, pensando nos nossos leitores, apresentamos uma coleção de texto de cunho reflexivo-espiritual, no qual o Papa Francisco, apresenta um roteiro espiritual a ser vivenciado pelos cristãos neste tempo de fé e esperança.
* O Papa Francisco, ressalta que: “O mistério do Natal desperta os nossos corações para a maravilhosa – palavra-chave – de um anúncio inesperado: Deus vem, Deus está aqui entre nós e a sua luz perfurou para sempre as trevas do mundo. Precisamos ouvir e receber sempre este anúncio, especialmente numa época ainda tristemente marcada pela violência da guerra, pelos riscos de época a que estamos expostos devido às alterações climáticas, pela pobreza, pelo sofrimento, pela fome – há fome no mundo! – e de outras feridas que habitam a nossa história. É reconfortante descobrir que mesmo nestes “lugares” de dor como em todos os espaços da nossa frágil humanidade, Jesus se faz presente neste berço, na manjedoura que hoje Ele escolhe para nascer e para levar o amor do Pai a todos; e o faz com o estilo de Deus: proximidade, compaixão, ternura. (…) precisamos ouvir o anúncio do Deus que vem, discernir os sinais da Sua presença e decidir-nos pela Sua Palavra caminhando após Ele. Ouvir, discernir, caminhar: três verbos para o nosso caminho de fé”.
* Francisco, apresenta como modelo a seguir, a mãe de Jesus, “ Maria, que nos lembra de ouvir. A menina de Nazaré, que tem nos braços Aquele que veio abraçar o mundo, é a Virgem da escuta porque ouviu o anúncio do Anjo e abriu o seu coração ao desígnio de Deus. Ela nos lembra que o primeiro grande mandamento é “Ouvir a Israel” (Dt 6,4), porque antes de qualquer preceito é importante entrar em relação com Deus, acolhendo o dom do seu amor que chega até nós. Com efeito, a escuta é um verbo bíblico que não se refere apenas à audição, mas implica o envolvimento do coração e, portanto, da própria vida. São Bento começa assim a sua Regra: «Ouve atentamente, ó filho» (Regra, Prólogo, 1). Ouvir com o coração é muito mais do que ouvir uma mensagem ou trocar informações; é uma escuta interna capaz de interceptar os desejos e necessidades dos outros, uma relação que nos convida a superar padrões e superar os preconceitos em que às vezes classificamos a vida daqueles que nos rodeiam. Ouvir é sempre o início de uma jornada. O Senhor pede ao seu povo esta escuta do coração, uma relação com Ele, que é o Deus vivo”.
* Ouvir, discernir, caminhar na fé! Jorge Mario Bergoglio, ressalta que:“Maria, que acolhe o anúncio do Anjo com abertura, total abertura, e por isso mesmo não esconde a perturbação e as interrogações que lhe suscita; mas ela se envolve de boa vontade na relação com Deus que a escolheu, acolhendo o seu projeto. Há um diálogo e há uma obediência. Maria compreende que é destinatária de um dom inestimável e, “de joelhos”, ou seja, com humildade e espanto, escuta. Ouvir “de joelhos” é a melhor forma de ouvir de verdade, porque significa que não estamos diante do outro na posição de quem pensa que já sabe tudo, de quem já interpretou as coisas antes mesmo de ouvir, de quem pensa que já sabe tudo, de quem já interpretou as coisas antes mesmo de ouvir, de alguém que olha de cima para baixo mas, pelo contrário, nos abrimos ao mistério do outro, prontos a receber humildemente tudo o que ele nos quiser dar. Não esqueçamos que apenas numa ocasião é lícito olhar uma pessoa de cima para baixo: só para a ajudar a levantar-se. É a única ocasião em que é lícito olhar uma pessoa de cima para baixo”.
* Em tempos líquidos, é preciso voltar a “ouvir”, pelo contrário, segundo Francisco “corremos o risco de sermos como lobos”: (…) Às vezes, mesmo na comunicação entre nós, corremos o risco de sermos como lobos predadores: tentamos imediatamente devorar as palavras do outro, sem realmente ouvi-lo, e imediatamente despejamos sobre ele as nossas impressões e os nossos julgamentos. Em vez disso, para ouvir uns aos outros é necessário silêncio interior, mas também um espaço de silêncio entre ouvir e responder. Não é “pingue-pongue”. Primeiro ouvimos, depois em silêncio acolhemos, refletimos, interpretamos e, só depois, podemos dar uma resposta. Aprendemos tudo isto na oração, porque ela amplia o coração, faz descer do pedestal o nosso egocentrismo, ensina-nos a escutar o outro e gera em nós o silêncio da contemplação. Aprendemos a contemplação na oração, ajoelhando-nos diante do Senhor, mas não só com as pernas, ajoelhando-nos com o coração! Também no nosso trabalho (…) «é preciso implorar todos os dias, pedir a sua graça para abrir os nossos corações frios e sacudir a nossa vida morna e superficial. […] É urgente recuperar um espírito contemplativo, que nos permita redescobrir todos os dias que somos guardiões de um bem que humaniza, que nos ajuda a levar uma vida nova. Não há nada melhor para transmitir aos outros” (Evangelii gaudium, 264). (…) é necessário aprender a arte da escuta. Antes dos nossos deveres diários e das nossas atividades, especialmente diante dos papéis que desempenhamos, precisamos redescobrir o valor das relações e tentar despojá-las dos formalismos, para animá-las com espírito evangélico, sobretudo ouvindo-nos uns aos outros. Com o coração e de joelhos. Vamos nos escutar mais, sem preconceitos, com abertura e sinceridade; com o coração de joelhos. Escutemo-nos uns aos outros, procurando compreender bem o que diz o irmão, compreender as suas necessidades e de alguma forma a sua própria vida, que se esconde por trás daquelas palavras, sem julgar”.
* A grande notícia que a humanidade recebe de Deus, consiste em que Jesus é dom Deus para todos os seres humanos, o Papa Francisco destaca, que: “ no Natal podemos ver como a história humana, aquela movida pelos poderosos deste mundo, é visitada pela história de Deus. E Deus envolve aqueles que, confinados às margens da sociedade, são os primeiros destinatários do seu dom, isso é – o dom – a salvação trazida por Jesus. Com os pequeninos e os desprezados, Jesus estabelece uma amizade que continua no tempo e que alimenta a esperança por um futuro melhor. A estas pessoas, representadas pelos pastores de Belém, “aparece uma grande luz” (Lc 2, 9-12). Eles eram marginalizados, eram mal vistos, desprezados, e a eles aparece a grande notícia primeiro. Com estas pessoas, com os pequeninos e os desprezados, Jesus estabelece uma amizade que continua no tempo e que alimenta a esperança por um futuro melhor. A essas pessoas, representadas pelos pastores de Belém, aparece uma grande luz, que os conduziu direto a Jesus. Com eles, em todo tempo, Deus quer construir um mundo novo, um mundo em que não há mais pessoas rejeitadas, maltratadas e indigentes (…) nestes dias abramos a mente e o coração para acolher esta graça. Jesus é o dom de Deus para nós e, se O acolhemos, também nós podemos nos tornar dom para os outros – ser dom de Deus para os outros – antes de tudo para aqueles que nunca experimentaram atenção e ternura. Mas quanta gente na própria vida nunca experimentou uma carícia, uma atenção de amor, um gesto de ternura…O Natal nos impele a fazê-lo. Assim Jesus vem nascer ainda na vida de cada um de nós e, através de nós, continua a ser dom de salvação para os pequenos e os excluídos”.
* O tempo de Natal – como já é tradição no cristianismo – nos proporciona de uma forma mais incisiva a importância de cultivar uma espiritualidade “que nos ajude a caminhar” para descobrir a presença de Deus em nossa vida e em nossa história. Neste sentido, Francisco lembra a todos os cristãos, que: “somos chamados a viajar e a caminhar, como fizeram os Magos, seguindo a Luz que quer sempre levar-nos mais longe e que por vezes nos faz procurar caminhos inexplorados e nos leva por caminhos novos. E não esqueçamos que o caminho dos Magos – como todo caminho que a Bíblia nos conta – começa sempre “do alto”, por um chamado do Senhor, por um sinal que vem do céu ou porque o próprio Deus se torna um guia que ilumina os passos de seus filhos. Portanto, quando o serviço que realizamos corre o risco de ficar achatado, “labiríntico” na rigidez ou na mediocridade, quando nos encontramos enredados nas redes da burocracia e da “sobrevivência”, lembremo-nos de olhar para cima, de recomeçar a partir de Deus, deixar-nos iluminar pela sua Palavra, encontrar sempre a coragem de recomeçar. E não esqueçamos que os labirintos só podem ser superados “de cima”. (…) No nosso trabalho cultivamos a escuta do coração, colocando-nos assim ao serviço do Senhor, aprendendo a acolher-nos, a ouvir-nos; pratiquemos o discernimento (…) que procura interpretar os sinais da história com a luz do Evangelho, procurando soluções que transmitam o amor do Pai; e permaneçamos sempre no caminho, com humildade e espanto, para não cair na presunção de nos sentirmos chegados e para que o desejo de Deus não se apague em nós. Não esqueçamos: escutar, discernir, caminhar!”
O Jornal Caiçara e esta singela coluna, desejam a todos os nossos leitores, um feliz Natal e um próspero 2025 com Saúde, Fé e Paz!